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76% dos internados com Covid-19 no Hospital Emílio Ribas não têm vacinação completa, diz secretaria da Saúde de SP

Hospital tem 50 pacientes internados com coronavírus e 38 não se vacinaram ou não completaram a imunização.

Entre os pacientes internados com Covid-19 no Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, 76% não têm a vacinação completa contra a doença, informou a secretaria estadual da Saúde neste sábado (15). O hospital, que é referência no tratamento de doenças contagiosas, tem 50 pacientes internados em enfermaria ou Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com suspeita ou confirmação de Covid-19. Desses, 38 pacientes não se vacinaram ou não completaram a imunização.

Para o levantamento, o governo estadual considerou a quantidade de doses indicada para cada indivíduo no calendário atual. Assim, para pacientes que tomaram a segunda dose há mais de quatro meses, mas ainda não receberam a dose de reforço, a vacinação foi considerada incompleta. O mesmo critério foi usado para aqueles que receberam a dose única (vacina da Janssen) há mais de dois meses e não tomaram o reforço.

No caso de imunossuprimidos, a dose de reforço deve ser tomada 28 dias após a última dose do esquema vacinal (segunda dose ou dose única), e uma quarta dose deve ser aplicada quatro meses após o reforço.

A informação sobre a vacinação contra Covid-19 é um dos campos que os profissionais de saúde podem preencher ao notificar ao Ministério da Saúde a internação de um paciente com coronavírus no sistema Sivep-Gripe, ferramenta nacional utiliza para contabilizar os casos graves da doença.

No entanto, no estado de São Paulo, os dados até dezembro de 2021 mostram que boa parte dos registros de pacientes graves não tem o campo sobre vacinação preenchido. Por conta disso, o cálculo do percentual de vacinados entre todos os internados com Covid no estado fica comprometido, já que apenas uma parcela das fichas traz essa informação. Apesar disso, alguns hospitais privados e públicos, como o Emílio Ribas, fazem o próprio monitoramento.

Notificações em baixa
O estado de São Paulo notificou, em janeiro, proporcionalmente menos casos novos de Covid-19 do que fazia antes do apagão de dados do Ministério da Saúde. O mesmo não ocorreu com outros estados populosos. A queda na proporção dá indícios de que os dados divulgados atualmente pelo estado não mostram todos os casos de Covid registrados nos sistemas do SUS.

O único outro estado em que a mesma divergência foi verificada, entre os seis mais populosos é a Bahia, que admitiu problemas na extração de dados dos sistemas do Ministério da Saúde em seu último boletim epidemiológico.

Desde o início da pandemia até o dia 10 de dezembro de 2021 – data do início do apagão de dados do Ministério da Saúde -, o estado de São Paulo teve 4,4 milhões de casos confirmados de Covid, o que representa 20% do total do país no mesmo período (22,1 milhões). O percentual de casos corresponde ao percentual total da população do estado em relação à população do país, que também é de 20%.

Já no período de 11 de dezembro de 2021 até esta quarta-feira (12), o estado de SP só notificou 33.347 novos casos, o que representa 6,3% do total de 532.943 registrado no país.

De acordo com o pesquisador Márcio Bittencourt, mestre em saúde pública e professor da Universidade de Pittsburgh, a queda abrupta na proporção do estado de São Paulo dentro do total de casos levanta suspeitas de problemas nos dados. Para ele, o aumento nas internações mostra que os casos do governo estão abaixo do número real.

“Basta ver as internações no estado, que estão aumentando: está faltando muito caso [no balanço do governo de São Paulo”, disse Bittencourt.
Para Paulo Inácio Prado, pesquisador do Observatório Covid-BR e do Instituto de Biologia da USP, a mudança na proporção de casos em SP “é um forte indício de um problema na consolidação dos dados feita pelo estado”.

“É muito grave que os dados oficiais do estado mais populoso do Brasil levantem esta dúvida, sem uma explicação ainda”, disse Prado.

“Outra explicação seria termos muito menos casos em SP do que nos demais [estados] mas, na atual onda causada pela ômicron, isso não é razoável. Por fim, poderíamos ter algum problema na notificação de casos pelos municípios, mas os dados públicos da capital mostram que isso não está acontecendo, e que também que é possível corrigir o problema de compilação dos dados”, completou.

Especialistas acreditam que a alta propagação da variante ômicron ainda não foi traduzida completamente nos números de novos casos. Por isso, o consórcio de veículos de imprensa passou a adotar a expressão “novos casos conhecidos”. Além disso, para conhecer o número real de casos no país, seria necessário testar muito mais. Entretanto, a proporção de casos de cada estado costuma se manter similar à população de cada local.

Paciente faz teste de detecção da Covid-19 na UBS Humaitá, bairro de Bela Vista, região central da cidade de São Paulo na manhã desta quarta-feira (12). — Foto: SUAMY BEYDOUN/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO

Paciente faz teste de detecção da Covid-19 na UBS Humaitá, bairro de Bela Vista, região central da cidade de São Paulo na manhã desta quarta-feira (12). — Foto: ESTADÃO CONTEÚDO

Embora a Secretaria Estadual da Saúde afirme que não há mais problemas na extração dos dados, também há uma divergência entre os valores divulgados pelo estado e pela capital paulista, conforme revelado pelo g1 na terça-feira (11).

Outros indicadores como aumento de internações, filas de espera em hospitais e alta procura de testes de Covid também indicam que o estado enfrenta uma nova explosão da contaminação.

O governador João Doria (PSDB) divulgou novas restrições na quarta-feira (12) para eventos musicais, festas e jogos de futebol, que agora devem ocorrer com 70% do público e mediante comprovante de vacinação. O governo usou o aumento no número de internados para defender as novas medidas.

 

Fonte G1.
Redação Gdsnews.

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