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Apoiadores de Lula e Bolsonaro duelam por público nas ruas com ângulos favoráveis e apontando vazio rival

Na dianteira das pesquisas de intenção de voto, dupla planeja intensificar agendas em contato com o público a pouco mais de um mês do início oficial da campanha

Restando pouco mais de um mês para o início oficial da campanha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), que aparecem na dianteira das pesquisas, planejam intensificar agendas em contato com o público nas ruas. A estratégia ocorre em meio à guerra de narrativas entre as duas pré-campanhas, nas redes sociais, por demonstrações de apelo popular. Outros pré-candidatos como Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) também buscam ganhar fôlego em atos de rua.

Bolsonaro e Lula têm motivado guerra de narrativas sobre adesão a agendas de rua — Foto: Montagem com foto de Divulgação

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No caso de Lula, uma das primeiras atividades com amplo acesso ao público ocorreu no sábado, em caminhada por Salvador. O petista se juntou ao cortejo que parte do Largo da Prainha, na celebração da Independência da Bahia, e apareceu cercado e abordado por dezenas de pessoas em imagens aéreas do evento. Ciro e Tebet também integraram o cortejo, em outro ponto.

Bolsonaro, por sua vez, participou de motociata com apoiadores na capital baiana no mesmo dia e seguiu à tarde para o Rio, onde discursou em um evento evangélico na Praça Apoteose. Imagens e vídeos divulgados por apoiadores também buscaram sinalizar adesões significativas do público nessas agendas.

A cada ato de rua de um ou de outro, apoiadores correm para postar nas redes sociais imagens que mostram o adversário com público reduzido, e ângulos que favorecem o evento do seu candidato. Uma estratégia recorrente é usar imagens feitas no começo da concentração dos eventos para mostrar locais vazios.

Apoiadores de Lula e Bolsonaro fazem guerra de narrativas sobre adesão popular

Na Marcha para Jesus em SC, fotos oficiais mostram multidão diante de palco — Foto: Cleber Caetano/PR/25-06-2022

Bolsonaro e Lula têm motivado guerra de narrativas sobre adesão a agendas de rua — Foto: Montagem com foto de Divulgação

Nas redes, apoiadores lulistas sugeriram com fotos que a motociata teve adesão inferior, enquanto bolsonaristas alegaram ter havido manipulação de uma foto da caminhada do ex-presidente. De acordo com a campanha do petista, que depois publicou outra foto sem o mesmo erro, houve uma sobreposição acidental de fotos captadas por drone, duplicando apoiadores.

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Na semana anterior, aliados do petista haviam acusado Bolsonaro de divulgar imagens que teriam dado uma dimensão “inflada” da presença de público ao seu redor em Balneário Camboriú (SC), onde o presidente participou de uma edição da Marcha para Jesus. Já correligionários de Bolsonaro têm usado registros tanto de motociatas quanto de eventos religiosos na tentativa de se contrapor a pesquisas que apontam vantagem de Lula. No último levantamento do Datafolha, o petista figurou com 48% das intenções de voto, contra 28% do atual presidente.

— Antes da campanha, quando podem pedir voto, a estratégia dos candidatos com essas agendas de rua é mobilizar a própria tropa. Nesse momento, ainda interfere pouco na busca por novos eleitores, mas pode animar a própria base — avaliou o cientista político Josué Medeiros, do Núcleo de Estudos sobre a Democracia (Nudeb) da UFRJ.

Táticas digitais

Amanhã, Lula participará de um ato aberto na Cinelândia, no Centro do Rio. A campanha do petista prevê ainda sua participação em um ato público no sábado em Diadema, no ABC paulista, berço da atuação de Lula no movimento sindical nos anos 1980. Há a expectativa ainda de viagens ao Nordeste, para estados como Pernambuco e Piauí.

O núcleo petista avalia que precauções com a segurança, tema do qual Lula evita falar publicamente, têm exigido uma preparação cautelosa para essas agendas. Em maio, na saída de um almoço em Campinas, militantes bolsonaristas que protestavam contra o ex-presidente tentaram cercar seu veículo.

— É a mesma precaução a que já estamos acostumados de campanhas anteriores, ainda que nesta o clima esteja mais exaltado. Nossa avaliação é que a caminhada em Salvador foi positiva — afirmou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

Na campanha de Bolsonaro, apoiadores mais próximos ao chamado “bolsonarismo raiz” travam quedas de braço com o núcleo político, composto por representantes de siglas como PL e PP, pelo ritmo e o tom das agendas públicas do presidente. Lideranças do Centrão defendem discursos mais institucionais e com ênfase em programas de governo, como o Auxílio Brasil. Já outro grupo dos conselheiros de Bolsonaro quer que o presidente aposte em pautas de perfil conservador, caras para sua base.

Segundo o pastor Silas Malafaia, Bolsonaro estará nas duas principais edições da Marcha para Jesus, em São Paulo, neste sábado, e no Rio, prevista para meados de agosto. Os eventos costumam atrair dezenas de milhares de pessoas, especialmente fiéis evangélicos.

— Já sabemos que Bolsonaro será bem avaliado em eventos evangélicos. Mas ele não está se escondendo do público geral, mesmo quando alguns conselheiros políticos orientam o contrário. Na festa de São João de Caruaru (PE), enquanto alguns tinham medo de vaia, ele subiu no palco — diz Malafaia.

Para o cientista político Sérgio Praça, da FGV, a aposta de Bolsonaro em mobilizações de rua tenta repetir uma estratégia bem-sucedida em 2018. Porém, segundo Praça, o contexto atual é distinto.

— Ele usou com sucesso a presença em eventos com grande apoio, só que as pesquisas naquela época mostravam que ele estava bem — pondera.

 

Fonte G1.

Redação Gdsnews.

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