A CPITL se destaca no contexto prisional de Mato Grosso do Sul como a única unidade prisional que proporciona o ensino noturno. As aulas são executadas pela Escola Estadual Dom Aquino Correa e é possibilitada graças ao empenho da direção do presídio e de toda a sua equipe. Esse pioneirismo ocorre por meio de parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a Secretaria de Estado de Educação (SED).
De acordo com o diretor da unidade prisional, José Antônio Garcia Sales, mediante à necessidade de ampliação da escolaridade, foi a saída encontrada para que os internos tivessem acesso ao ensino formal, já que quase todos os custodiados em regime semiaberto, em Três Lagoas, trabalham durante o dia, o que acabou atraindo um maior número de alunos para as salas de aula.
Em reconhecimento ao esforço de toda a equipe da Colônia Penal de Três Lagoas para disponibilizar ações educacionais noturnas, em uma unidade de regime semiaberto, foram feitas melhorias estruturais, prevendo ampliar a capacidade de atendimento. “Antigamente tínhamos apenas uma sala de aula, porém, com o apoio do Conselho da Comunidade e Poder Judiciário, ampliamos mais duas salas de aula para que pudéssemos oferecer estudos desde as séries iniciais até a conclusão do Ensino Médio”, informa o dirigente, enfocando que todas as salas são climatizadas com ar condicionado.
Hoje, no presídio semiaberto de Três Lagos são atendidos 55 alunos, desde a alfabetização até o Ensino Médio, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos. “No CPITL a oportunidade de ampliação dos estudos é hoje uma realidade ao alcance de todos, pois os custodiados têm a oportunidade de aprender, desde ler e escrever, como também cursar o Ensino Fundamental ou concluir o Ensino Médio”, comenta o chefe do Setor de Educação da CPITL, Wilson Medina.
É o caso do custodiado Silvio Jacinto, que estava há 25 anos longe das carteiras escolares, e hoje estuda na etapa inicial do Ensino Fundamental na extensão escolar, revelando que a facilidade de ter a escola tão perto, foi uma motivação a mais para que voltasse a estudar. “Favoreceu pelo horário porque trabalho durante o dia. Vou aprender a escrever e ler e aprimorar a inteligência. A educação reflete nos relacionamentos que temos com as pessoas”, revela.
Outro que está aproveitando para estudar é André Luiz Ribeiro, que cursa o Ensino Fundamental Intermediário. “Quero tentar algo diferente na vida, porque é uma forma de sobreviver, até mesmo para o trabalho, pois os estudos completos são uma exigência mínima”, comenta o reeducando. Segundo ele, o privilégio de estudar a noite é um bom atrativo.
Cursando Ensino Médio, Henrique Alexandre Dante Avelar, retomou os estudos quando ainda estava em regime fechado e agora aposta na educação para ‘dar o exemplo e uma vida melhor para o filho’. “Por isso estou buscando o conhecimento, para ser alguém na vida”, argumenta.
Além das aulas regulares, para este ano letivo, a coordenação da extensão escolar no presídio, com apoio do Conselho da Comunidade, irá desenvolver projetos educacionais como feira de ciências, torneios de futebol, palestras incentivadoras e outros.
A chefe da Divisão de Assistência Educacional da Agepen, Rita de Cássia Argolo Fonseca, considera a educação como o maior e melhor instrumento de transformação da realidade social e cita o pensamento de Paulo Freire, maior educador e patrono da educação brasileira: “educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”. “Seguindo esse pensamento, a unidade da CPITL demonstra o compromisso com o processo de ressocialização quando possibilita aos custodiados o acesso aos estudos e a consequente ampliação da escolaridade, favorecendo-lhes, efetivamente, melhores chances de reingresso ao meio social”, destaca.
Uma das metas deste ano do Setor Educacional da CPITL é a implantação também do projeto de Remição pela Leitura, com o intuito de motivar mais reeducandos a retornarem aos estudos.
Keila Oliveira e Tatyane Santinoni