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Entenda o que motivou a ação conjunta entre o Bope e a PRF na Vila Cruzeiro

Polícia Rodoviária Federal alega que a atuação da facção em roubo de cargas justifica a integração com a PM na operação

Vila Cruzeiro, na Penha, tem operação em conjunto do Bope, da PRF e da PF — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) atribui à atuação da facção em roubo de cargas o principal motivo pelo qual a corporação se uniu à PM na operação policial que resultou em no mínimo 22 mortes na Vila Cruzeiro, na Zona Norte do Rio. A PRF atuou com 26 agentes e 8 carros blindados no local, e a operação é considerada a segunda mais letal da história, atrás apenas da operação no Jacarezinho, no ano passado.

De acordo com o chefe de Comunicação da PRF, Marcos Aguiar, os traficantes têm como foco o roubo de cargas na cidade do Rio, e os resultados de ações integradas entre as polícias apresentaram bons resultados entre 2021 e 2022.

— Até maio, com relação ao ano passado, tivemos redução significativa no roubo de cargas, mais de 18%. A polícia vai para cumprir ação legal, prender criminosos, desmantelar quadrilhas Hoje, a região estava totalmente conflagrada. Tivemos bastante resistência, um número alto de fuzis, estavam fortemente armados — diz Marcos Aguiar.

Para o superintendente da corporação, Rômulo Silva, as ações integradas tem como objetivo “diminuir a letalidade”.

— A PRF reforça que as ações de segurança pública integradas visam diminuir a letalidade. O objetivo da operação é prender os líderes das facções, mas fez-se necessária força do Estado para conter ações — justifica.

Ação tem como alvo chefes da maior facção criminosa em atuação no estado do Rio

Segundo a PM, “não é possível considerar exitosa uma operação com resultado morte, principalmente envolvendo a perda da vida de uma pessoa inocente – a senhora Gabrielle”. O tenente-coronel Uirá do Nascimento Ferreira, do Bope, disse que a operação, que teve início por volta das 4h da manhã, foi planejada durante meses, e o objetivo era impedir que os criminosos se deslocassem pela cidade.

Dados da inteligência da PM identificaram que o grupo que saía da Vila Cruzeiro planejava ir em direção à Rocinha, onde encontrariam outro grupo e dariam início a uma ação ainda não identificada pela polícia.

— Tínhamos indicativo de que essa quadrilha se descolaria pela cidade, e agimos no terreno. Muitas barricadas, tivemos dificuldade de avançar. Os criminosos responderam com muita violência e foram neutralizados — diz Uirá.

O tenente-coronel também justificou que a operação é de inteligência, e que a ideia era prender as lideranças da facção fora da comunidade.

— Era um monitoramento para que a prisão fosse feita fora da comunidade. Não foi possível devido ao ataque da facção. Foi uma ação emergencial que não tinha como objetivo cumprir mandados, apesar de muitos deles possuírem mandados em aberto — explica.

Durante a operação, uma mulher identificada como Gabrielle Ferreira da Cunha, de 43 anos, foi baleada e não resistiu. Segundo a PM, ela foi atingida na região da Chatuba, onde a corporação alega que não havia atuação dos agentes.

— As equipes da PRF e do Bope estavam na Vila Cruzeiro. Foi uma ação por parte dos criminosos. O número de munições disparadas por criminosos foi excessivo, então não restou outra saída senão fazer frente. Os criminosos realmente montaram emboscadas, nosso helicóptero blindado sofreu três disparos. Os criminosos se prepararam pra essa ação — diz o coronel Luiz Henrique Marinho Pires.

Na tarde desta terça-feira (24), o MPF e o MPRJ abriram procedimentos investigatórios criminais para apurar as condutas, eventuais violações a dispositivos legais, as participações e responsabilidades individualizadas de agentes policiais federais e as mortes ocorridas durante a ação.

A operação realizada nesta terça-feira (24) não é a primeira ação conjunta entre PM e PRF na Vila Cruzeiro. Em fevereiro, agentes das corporações apreenderam uma carga de 4.500 maços de cigarros, além de 5.800 papelotes e trouxinhas de maconha e 123 tabletes de 1 quilo cada de maconha, 28 mil pinos de cocaína, 81,9 kg de cocaína em tabletes, 625 papelotes de crack, 815 potes de crack, 1.136 frascos de loló e 41 frascos de lança-perfume. O material apreendido foi conduzido para a 22ªDP e Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Oito pessoas foram mortas durante a ação.

De acordo com a PM, ação de fevereiro foi desencadeada “com o objetivo de conter a ação de criminosos na região, que estariam planejando ataques às forças de segurança que ocupam a comunidade”.

A PRF informou que os agentes pretendiam cumprir mandados de prisão contra traficantes que fazem parte de uma quadrilha de roubo de cargas. O principal alvo era o traficante Chico Bento do Jacarezinho, chefe do grupo criminoso que atua na região.

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