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Por que está chovendo tanto no Nordeste? Entenda a influência das Ondas de Leste

Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte registraram alagamentos e famílias desabrigadas.

Chuvas registradas desde a sexta-feira (1º) fizeram com que rios transbordassem e com que cidades ficassem alagadas, deixando famílias desabrigadas e desalojadas em Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte.

O Instituto Nacional de Meteorologia emitiu alertas, válidos nesta segunda (4), devido ao acumulado de chuvas na região.

O inverno, que começou oficialmente em 21 de junho, é um período de chuvas no litoral nordestino. Em Pernambuco, essa fase chuvosa costuma ir até o fim de julho e, por vezes, até o início de agosto. “A previsão climática já mostrava que o inverno ia ter chuvas acima do normal”, apontou a meteorologista Aparecida Fernandes.

A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) explicou que há fatores que contribuem para os temporais, como as Ondas de Leste, em toda a região.

“O maior indutor dessas chuvas é o oceano. Como o Oceano Atlântico ficou o tempo todo com a temperatura acima do normal, aqui na parte Equatorial, isso fez com que essas Ondas de Leste, que normalmente ocorrem nesse período, se intensificassem mais”, explicou Aparecida.

Rio Carimã transbordou e alagou o bairro dos Lotes, em Barreiros, na Mata Sul, encobrindo ponte — Foto: Ima Albuquerque/TV Globo

Rio Carimã transbordou e alagou o bairro dos Lotes, em Barreiros, na Mata Sul, encobrindo ponte — Foto: Ima Albuquerque/TV Globo

Os Distúrbios Ondulatórios de Leste, também chamados de Ondas de Leste, são perturbações no campo de vento e pressão que atuam na faixa tropical do globo terrestre, em área de influência dos ventos alísios, que se deslocam desde a costa da África até o Litoral leste do Brasil.

Na prática, o que ocorre é a formação de nuvens de chuva por causa da circulação de correntes de vento que vêm do continente africano, passam pelo oceano e chegam ao Nordeste do Brasil.

Esse mesmo fenômeno provocou fortes chuvas em diversas cidades de Pernambuco entre o fim de maio e início de junho, ocasionando a morte de 130 pessoas em deslizamentos de barreiras, enchentes e outras ocorrências relacionadas ao temporal.

Uma nova Onda de Leste atingiu o Rio Grande do Norte e fez com que, nesta segunda (4), a prefeitura de Natal decretasse calamidade pública. “Essas ondas tem uma extensão grande. Então, uma parte dela está lá [atuando no Rio Grande do Norte], mas outra pega aqui [em Pernambuco], em uma parte menor e com intensidade fraca”, explicou Fernandes.

 

Alagamento registrado em Barreiros, na Mata Sul, no sábado (2) — Foto: Reprodução/WhatsApp

 

No entanto, os Distúrbios de Leste não são os únicos responsáveis pelas chuvas. “Outra coisa é o fenômeno La Niña, que permanece atuando no Oceano Pacífico desde o ano passado, e favorece a ocorrência de chuvas aqui no Nordeste. [Com isso], as chuvas estão, praticamente, acontecendo todos os dias”, declarou a meteorologista.

Outros fatores que contribuíram para as chuvas mais intensas é um avanço maior de frentes frias na região, segundo Fernandes. “São possíveis fatores, mas que necessitam ter estudo para realmente identificar. Aparentemente, a gente está tendo mais Distúrbios de Leste e eles estão mais intensos”, disse.

“Está chovendo mais que o normal, as frentes frias estão avançando mais pelo oceano, os Distúrbios de Leste estão chegando com mais intensidade e frequência maior e tem o La Niña. São os principais fatores, mas podem ter outros”, resumiu a meteorologista.

Alertas do Inmet

Quatro alertas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) estão em vigor na região Nordeste devido ao acumulado de chuvas. Para Pernambuco, foi um de nível amarelo, que significa atenção, e laranja, que é perigo.

“As chuvas que nós tivemos aqui [em Pernambuco] contribuíram para subir os rios de Alagoas. Foi bastante chuva na divisa do estado, dois dias de chuva intensa em uma região muito grande”, disse o meteorologista da agência, Patrice Oliveira (veja vídeo acima).

O único alerta de nível vermelho foi emitido para cidades no Rio Grande do Norte e na Paraíba, mais próximas desse estado vizinho. A lista completa de municípios pode ser consultada no site do Inmet.

Esse é o mais alto tipo de aviso emitido pelo instituto e significa grande risco de alagamentos, transbordamentos de rios e deslizamentos de encostas. Além disso, indica possibilidade de mais de 100 milímetros de chuvas.

O alerta de nível laranja significa risco de chuvas de 50 a 100 milímetros em 24 horas, além de riscos também de inundação, rios transbordando e deslizamentos. Esse foi emitido, no sábado (2), para o Grande Recife e algumas cidades do Agreste, Mata e Sertão pernambucanos, além de áreas de Alagoas.

Já o alerta de nível amarelo, que indica um baixo risco de alagamentos e pequenos deslizamentos, foi emitido para regiões do interior de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe (veja quais são os municípios), além de cidades Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Amapá.

 

Fonte G1.

Redação Gdsnews.

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