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Em Live, geoarqueólogo traz análise técnica das quadras de Ratanabá e confirma origem antrópica nas estruturas

O geoarqueólogo Saulo Ivan Nery afirmou, durante Live sobre Ratanabá, no canal do YouTube de Dakila Pesquisas, que as quadras (ou traços diferenciados) visíveis do alto na Amazônia possuem origem antrópica (ação do homem) nas estruturas. A afirmação se deu após análise técnica dos dados obtidos pelo LiDAR (Light Detection And Ranging), tecnologia que rastreou a área de Apiacás, no Estado do Mato Grosso (MT), sem desmatar o ambiente.

“Essas linhas vistas pelo LiDAR são cortes antrópicos no terreno, ou seja, com intervenção do homem. Traços bem retilíneos que pudemos observar sem a vegetação. Em complemento, fizemos um estudo do paisagismo levando em consideração a geologia, geomorfologia, padrão de drenagem e o contexto arqueológico”, pontuou o profissional.

As considerações apresentadas pelo geoarqueólogo trazem a seguinte afirmação: A presença dos traços retilíneos que se diferenciam dos padrões erosivos naturais da região, indica o primeiro fato que fundamenta a possibilidade da origem antrópica das presentes estruturas. Fica nítido que os padrões erosivos atuantes na região durante bilhões de anos construíram formas bem diferentes do que aquelas que foram identificadas pelo método LiDAR. As redes de drenagem identificadas na região compõem o segundo fato que fundamenta a possibilidade da origem antrópica das formas identificadas. O terceiro fato que fortalece a hipótese da origem antrópica, são as novas descobertas de traços urbanos feitas na região da Amazônia. Nesses locais inóspitos, é muito provável que com o desenvolvimento de pesquisas científicas, possamos identificar novas espécies vegetais e animais, além de estruturas arqueológicas inéditas. Tendo em vista que a região é pouco estudada e os resultados demonstrados pelo método LiDAR indicam a presença de alterações no terreno, temos poucas margens de dúvida sobre a origem antrópica dessa estrutura em Xadrez. De todo modo, vale salientar que somente será possível a comprovação definitiva, a partir de uma campanha de pesquisa de campo que identifique vestígios materiais in loco, capazes de sustentar a hipótese da existência de Ratanabá.

“Fica nítido que padrões atuantes da natureza, construídos durante bilhões de anos, são formas bem diferentes do que as identificadas pelo LiDAR. Tendo em vista que essa região [Amazônia] é pouco estudada, os resultados apresentados indicam a presença de alterações no terreno de origem antrópica. Não estou defendendo nenhum tipo de hipótese absurda, mas falando que esses traços, chamados de quadras, não foram obra da natureza”, reforçou Saulo, após a explanação técnica da formação ambiente.

Os resultados e conclusões apresentados por Saulo abrem novos horizontes sobre quem realizou essas marcações na terra. O próprio profissional faz indagações a respeito do assunto: “Será que foi um grande cacicado? Uma civilização pré paleoindigena? Se sim, é um marco gigante na arqueologia brasileira e um desdobramento no  estudo geológico da região. Seriam mudanças bem incisivas nas ideias que temos e isso nos faz questionar a ciência”

A pesquisadora Fernanda Lima participou das viagens realizadas na região amazônica, juntamente com Urandir Fernandes de Oliveira, presidente de Dakila Pesquisas, acompanhando de perto todas as descobertas que deram rumo a Ratanabá. “Nessa jornada descobrimos várias pistas, indícios de civilizações, elementos bem interessantes que vão contribuir para a formação do nosso contexto histórico, e vamos compartilhar com todo o mundo. São mistérios sendo desvendados e a nossa missão, como uma instituição de pesquisa independente, sempre foi buscar por evidências que justifiquem o porquê dos fatos, quem são esses povos que existiram antes de nós e por qual motivo deixaram pistas espalhadas por todo o lado”, afirmou durante a Live.

Saulo Ivan Nery é mestrando em estudos rurais pela Universidade Federal dos Vale do Jequitinhonha e Mucuri – campus de Diamantina. Bacharelado e Licenciatura em Geografia pela FCT/UNESP – campus de Presidente Prudente. Membro do Grupo de Estudos: Laboratório de Arqueologia Guarani da FCT/UNESP. Arqueólogo Pleno com ampla experiência em campo e laboratório.

Assista a Live completa disponível no canal do YouTube de Dakila Pesquisas e confira as imagens do mapeamento feito com o Light Detection And RangingLive • Ratanabá – Lenda ou Realidade? | Análises do LiDAR – YouTube

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