A decisão de Alexandre de Moraes que os aliados de Bolsonaro comemoraram

O advogado Frederick Wassef, atrás de Jair Bolsonaro — Foto: Foto: Agência O Globo

Aliados de Jair Bolsonaro vivem se queixando das decisões tomadas por Alexandre de Moraes, mas uma determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) foi comemorada por interlocutores do ex-presidente da República.

É a proibição, imposta em 23 de agosto, para que o advogado Frederick Wassef, um dos principais envolvidos no escândalo das joias sauditas, entre em contato com outros alvos da investigação do esquema de desvio dos itens de luxo – decisão que o impede, por exemplo, de manter contato com o próprio Bolsonaro.

“No final, os inquéritos foram bons por uma coisa: Wassef está proibido de falar com todos. Ele se metia em tudo, dava entrevista de processo dos outros. Adorava um holofote, e no caso das joias ele se meteu mais do que deveria”, disse reservadamente à equipe da coluna um interlocutor de Bolsonaro.

Wassef é acusado de recomprar o relógio Rolex que havia sido vendido ilegalmente nos Estados Unidos pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

Em uma decisão de apenas duas páginas, Moraes proibiu a comunicação de Wassef com Mauro Cid, o tenente Osmar Crivelatti e “com os demais investigados nestes autos”, o que abarca o próprio Bolsonaro.

“Evidentemente, neste caso, a incomunicabilidade entre os investigados alvo da medida de busca e apreensão é absolutamente necessária à conveniência da instrução criminal, pois existem diversos fatos cujos esclarecimentos dependem da finalização das medidas investigativas”, observou Moraes à época da decisão.

Antes da proibição de falar com Bolsonaro e outros investigados, Wassef mudou a sua versão dos fatos em entrevista a jornalistas em 15 de agosto.

Ele, que havia divulgado nota em que negava qualquer relação com o Rolex de prata cravejado de diamantes, passou a admitir ter comprado o Rolex com o seu dinheiro – mas afirmou ter declarado a aquisição à Receita Federal.

As joias apreendidas pela Receita Federal em Guarulhos teriam como destino o casal Bolsonaro, e são avaliadas em R$ 16 milhões — Foto: Reprodução

Conjunto de joias apreendido em Guarulhos com ex-ministro de Bolsonaro sofreu inúmeras tentativas de resgates oficiosos na Receita — Foto: Reprodução

Então ministro de Bolsonaro, Bento Albuquerque recebe miniatura de cavalo do saudita Abdulaziz bin Salman Al Saud, em outubro de 2021 — Foto: Reprodução

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“Sim, fui aos Estados Unidos e comprei o Rolex. O motivo de eu ter comprado esse relógio: não foi Jair Messias Bolsonaro que me pediu. Meu cliente Jair Bolsonaro não tem nada a ver com essa conduta, que é minha, e eu assumo a responsabilidade. Eu fui, eu assumo, eu comprei”, afirmou na ocasião.

A entrevista foi considerada um desastre para a estratégia de defesa, que preferia deixar o cargo submergir – e rendeu ao advogado, entre os mais fieis auxiliares de Bolsonaro, o apelido de “Wasséfalo”.

Os aliados de Bolsonaro ficaram ainda mais irritados com a atitude de Wassef porque ele não era o advogado do ex-presidente nesse caso e não submeteu a ninguém a ideia de falar a respeito das joias.

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Outra atitude de Wassef que contribuiu para o apelido que ele recebeu no entorno do ex-presidente foi a tentativa que ele fez nos primeiros dias de emplacar o entendimento de que as joias eram um “item personalíssimo”, mesmo com uma posição do Tribunal de Contas da União (TCU) em sentido radicalmente contrário.

O relógio Rolex entre as joias recebidas por Bolsonaro da Arábia Saudita — Foto: Reprodução

O relógio Rolex entre as joias recebidas por Bolsonaro da Arábia Saudita — Foto: Reprodução

Jóias que são alvos da operação da PF. Na fofo, Relógio Patek Phillippe — Foto: Reprodução

Jóias que são alvos da operação da PF. Na fofo, Relógio Patek — Foto: Reprodução

Depois, quando Bolsonaro recuou e devolveu os kits, os advogados que atuam no caso afirmaram que o ex-presidente “em momento algum pretende locupletar-se ou ter para si bens que pudessem, de qualquer forma, serem havidos como públicos”.

Agora, a defesa voltou à tese de Wassef de que as joias seriam mesmo um item personalíssimo, mas o advogado não ficou mais querido nos círculos bolsonaristas.

Integrantes do time jurídico de Bolsonaro sempre se queixaram de que Wassef arrumava brigas com todos eles e queria se meter em tudo. O que eles não contavam é que uma decisão de Alexandre de Moraes, que tantas dores de cabeça já provocou no clã Bolsonaro, acabaria facilitando a vida deles.

 

Fonte G1.

Redação Gdsnews.

 

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