A volatilidade do mercado financeiro

Jota Menon

Nunca entendi direito o que move o mercado financeiro.

Nos meus tempos de faculdade de Jornalismo ainda recebi algumas lições do economista Ido Michels, que foi professor de Economia da minha turma.

Mas, nada que transformasse a nós, futuros jornalistas, em entendidos da “arte de administrar a casa”.

Aliás, essa definição dada pelos gregos para economia – oiko = casa + nomos = gerir, administrar, logo a arte de administrar a própria casa – faz mesmo com que eu me sinta, parodiando Raul Seixas, “um grandissíssimo idiota”, porque, de verdade, nunca dei conta de administrar as despesas de casa e como minha mulher age tão institivamente quanto eu na hora de gastar, sempre estamos enfrentando problemas para “fechar a conta”.

Em síntese, sempre que surge uma “boa oportunidade de gastar” está garantindo que vamos gastar, esquecendo-nos de que vai chegar a “hora de pagar”.

Porém, o que me levou a levantar esse lebre não foi a economia caseira que “suja o nome” de milhões de brasileiros todos os anos.

Foi a economia no sentido mais amplo, aquela definida como ciência que consiste na análise da produção, distribuição e consumo de bens e serviços.

E que movimenta o mercado financeiro.

E que determina se a população de uma nação vai se beneficiar das medidas adotadas pelos seus governantes ou se vai, como ocorre no Brasil, “pagar o pato”.

Eu queria, e não posso ou não consigo, é entender a essência dessa tal economia que faz com que investidores amanheçam milionários e, ao fim de um pregão, estejam mais quebrados que arroz de terceira … se é que seja possível um milionário quebrar tão bem quebrado pelas oscilações de um dia do mercado financeiro instável que seja rebaixado à condição de um quase esmoler.

Hoje mesmo foi um dia daqueles que as neuroses da economia agitam o mercado financeiro brasileiro e fazem, principalmente, os pequenos e médios investidores entrarem em pânico e arrancarem a unha mechas de cabelo, tamanho é a angústia causada pelo prejuízo eminente e implacável.

A simples discussão sobre fórmulas e meios para o futuro governo cumprir a promessa de manter o “Auxílio Brasil”, o Bolsa Família com nova nomenclatura, no valor de R$ 600 mensais, foi a culpada de tudo.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, ao comentar a questão relacionada ao estabilidade fiscal, afirmou que não estava nem aí pro assunto.

Foi um Deus nos acuda.

O Dólar disparou, valorizando cerca de 4% em relação ao Real, que até então vinha se mostrando uma moeda imune à volatilidade do mercado financeiro.

A Bolsa de Valores operou em forte baixa, refletindo a apreensão dos investidores em relação à administração da “nossa casa”, a partir de 2023.

Eu, na condição de leigo no assunto, solidarizo com o presidente Lula que, ao sair de uma reunião no Banco Central, demonstrou estranheza pelo comportamento do mercado diante de sua declaração.

“Nunca vi o mercado tão sensível. É engraçado que o mercado não ficou nervoso nos quatro anos de Bolsonaro”, disse o presidente eleito.

Enquanto saía do prédio do BC, Lula foi cercado por um grupo de simpatizantes. Recebeu abraços e agradeceu o carinho dos eleitores.

“É um sentimento de reconhecimento de que o povo brasileiro é extraordinário. Acho que esse povo precisava de um pouco de paz” afirmou, sem responder se a PEC da Transição sairia ainda nesta quinta-feira.

Eu, se fosse ele, teria agido do jeitinho que ele agiu, afinal esse tal mercado financeiro é de uma sensibilidade tão estranha que nós, vis mortais, até nos sentimos bem por não entendermos nada do assunto.

Economia é tema que tem de ficar mesmo é lá com os tais homens e mulheres sabichões, aqueles e aquelas que dominam com brilhantismo o assunto, inclusive o dialeto Economês, e com uso de palavras bonitas e incompreensíveis levam-nos de barriga e vão rolando o rombo que a cada dia aumenta na “nossa casa”.

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