AMPLA VISÃO

Amplavisão 1525 – Partilha do poder: o 2º ato das eleições

CARIMBADAS: Na relação de candidatos à Câmara Federal e Assembleia Legislativa
há mais de uma dezena deles sem mandato. São figuras conhecidas de outras eleições e
que de novo apostam no sucesso. Como a lei eleitoral exige tratamento igual aos
candidatos, não citaremos os nomes deles e nem comentaremos sobre outros postulantes
até as eleições.

DETALHES: A legislação eleitoral – no caso de transgressão das suas normas isenta os
candidatos, mas prevê multas pesadas aos órgãos de imprensa: sites, rádios, televisões,
jornais, etc. Assim, o conteúdo da coluna terá novos critérios na abordagem das
eleições, omitindo os nomes dos candidatos para não caracterizar tratamento
promocional privilegiado.

INELEGÍVEIS? Continua em clima de suspense a novela no STF que discute o teor da
nova Lei de Inelegibilidade que pode beneficiar políticos já condenados pela lei velha.
Casos dos ex-governadores Garotinho e José Roberto Arruda (União Brasil) e do
deputado Arthur Lira (PP-AL). Como tudo é possível, inclusive o impossível, não se
pode duvidar de nada da justiça neste país.

A DISPUTA: Os cálculos apontam que o quociente eleitoral para deputado estadual
não deva ser inferior a 55 mil votos. Para eleger o 1º candidato, o partido deve ter esse
número de votos, podendo baixar caso a abstenção seja muito grande. Para a Câmara
Federal o quociente deverá ficar entre 140 e 150 mil votos. Mas o cálculo das ‘sobras’
pode favorecer mais gente.

A PARTILHA: Tal qual na peça teatral, onde as herdeiras discutem no velório o
critério da divisão dos bens deixados pela mãe, na política esse fato é previsível, natural.
Quem de alguma forma concorre com a vitória do candidato reivindica seu
espaço/prêmio na futura administração. Evidente, as fatias do ‘bolo’ são proporcionais a
estatura do apoiador.

NO SAGUÃO: Observadores que voltaram a dar plantão na Assembleia Legislativa já
falam dos acertos e apoios para o 2º turno. Contaria menos a afinidade partidária e mais
o conteúdo do pacote de compensações oferecidas. Além de bons cargos na futura
administração, estariam incluídas vagas no Tribunal de Contas e os cargos de presidente
e secretário da Assembleia Legislativa.

E MAIS… Embora muita água deve passar debaixo da ponte até as próximas eleições
municipais, a prefeitura de Campo Grande deverá tratada como uma joia diferenciada
nestas futuras negociações de 2º turno. Mas como dizia Tancredo Neves: “Se é segredo
não deve ser revelado – tal qual a promessa – que existe para não ser cumprida”.

INGRATIDÃO: Ao longo da formação dos governos sempre houve reclamações de
personagens devido ao critério da escolha para os cargos de peso. A Secretaria ou o
Ministério da Cultura por exemplo, não tem o mesmo poder de fogo da Secretaria ou o
Ministério da Fazenda. Os ‘prêmios de consolo’ acabam indo para o pessoal do baixo
clero.

JEITOSO: Sarney arranjou espaço no seu Ministério para todos partidos e lideranças
escolhidos por Tancredo Neves. Assim ratificou os nomes de olho na governabilidade.
Mas se o ‘combinado não é caro’, é natural que também no Mato Grosso do Sul ocorra
tratativas sobre alianças com as ‘bênçãos’ de São Francisco de Assis.

ATUALÍSSIMA: Analisando o perfil de candidatos ao Senado e Câmara Federal
recordo a opinião irônica e sabia de Ulysses Guimarães a um repórter sobre o fraco
nível (na época) da representação: “Você só diz que esse Congresso é ruim porque não
viu o próximo”. O temor é que isso possa a ocorrer também nas Assembleias
Legislativas.

APATIA: Se 64% dos eleitores não lembram o nome do candidato a deputado federal
e ao Senado em que votaram em 2018, não é de esperar milagres agora. Se a
propaganda é insuficiente com seus segundos para se conhecer os candidatos, o eleitor
colabora com o quadro desolador ao votar em qualquer um deles, por amizade e outros
interesses.

A SALVAÇÃO: Como visitar 853 cidades numa campanha eleitoral? É o desafio dos
candidatos em Minas Gerais que optam pela capital e cidades maiores como Uberlândia,
Contagem, Juiz de Fora e Uberaba. Graças a tecnologia das comunicações acabou a
época das caravanas de políticos que percorriam o interior fazendo comícios nas praças.

A DIFERENÇA: Se Minas Gerais tem área de 586 mil km², temos 357 mil km² com 79
cidades – 774 cidades a menos que os mineiros. Pela distância entre elas e características
regionais, é tradição que os candidatos visitem todas elas fazendo reuniões. Aliás, essa
pratica eleitoral ainda resiste nos Estados com baixa densidade populacional como o
nosso.

EMBRAPA: É alvo de acirrado debate devido ao projeto do Governo de vincular suas
atividades às demandas do setor privado. A nossa Embrapa Gado de Corte, criada em
1978, referência em pesquisas, tem relações com instituições do Japão, Austrália,
Europa e U.S.A. O projeto de privatização ganha espaço nestas eleições e pode gerar
desgastes aos políticos defensores da ideia.

FOLCLORE: Durante um jantar em Lisboa (1985) o chanceler Azeredo da Silveira
perguntou ao senador Fernando Henrique Cardoso se ele realmente iria disputar a
prefeitura de São Paulo. Com aquele sorriso simpático FHC respondeu: “Você acha que
eu entraria numa fria ao disputar contra Jânio Quadros”? Dito e feito – entrou e dançou.

MEMÓRIA: Conta um amigo o episódio que retrata o tratamento para quem está no
poder e fora dele. Quando governador, a casa de Pedrossian ficava cheia no seu
aniversário. Mas no seu primeiro ‘nat’ após deixar o cargo, meu amigo foi
cumprimentá-lo na sua fazenda em Miranda. Para sua surpresa – além dos familiares –
ele fora o único a ter esse gesto nobre.

‘FATOS & BOATOS: Estão sempre presentes em todas campanhas eleitorais. Seus
estragos e benefícios dependem de vários fatores. Se você assistir ao noticiário ou se
ligar nas mídias sociais, acabará ‘balançando’ devido ao conteúdo mostrado com a
imagens sonorizadas inclusive. Como se diz: campanha eleitoral não é mesmo para
amadores.

MUITO BOA: O Brasil ganhou da Itália em 1994 e chegou ao tetra. Alckmin e
Montoro Filho estavam dias depois com Giogio Mottura, presidente da Federação das
Industrias da Itália. Para agradar, Mottura disse que “os italianos são craques em 2
esportes favoritos: futebol e sonegação fiscal. ” De pronto, Montoro observou: “e são
vice em ambos”!

PIONEIRISMO: Parabéns ao presidente da Cassems – Ricardo Ayache – pelo feito do
Hospital da entidade em Campo Grande – realizando o primeiro transplante de medula
óssea de Mato Grosso do Sul. Um procedimento de alta complexidade que coloca nosso
Estado no mesmo patamar da medicina de outros 10 Estados. Quando o trabalho é sério
ele produz bons frutos.

PONTO FINAL: Não é que o crime não compensa. É que, quando compensa, muda de
nome. (Millôr)