Aos 100 anos, Sarrafo interpreta chorinhos de sua autoria na Capital

Ele conta que a música está em sua vida desde que se entende por gente, quando conheceu o saxofone e o clarinete, e que fez questão de nunca mais sair deste universo. Hoje, com 100 anos, completados em janeiro deste ano, o músico sergipano Amintas José da Costa – mais conhecido como Sarrafo – se apresentará na Morada dos Baís (leia abaixo) e diz sentir-se realizado. “Em primeiro lugar, completar o centenário não é brincadeira. Hoje, estou colhendo os frutos de tudo o que plantei”, define.

Bem-humorado, lúcido e divertido, o saxofonista e clarinetista tem mesmo o que comemorar. Fez da música seu sacerdócio e, por causa dela, livrou-se da morte ao não embarcar num navio que rumava para a Itália durante a Segunda Guerra Mundial, em 1945. “Ele foi convocado para ser combatente. Mas, por ordem superior, deixou de embarcar para a Itália porque era o único soldado que sabia ler música e interpretar as partituras dos hinos. Seu papel foi ficar treinando os soldados. Sarrafo não foi, e os amigos soldados nunca mais voltaram, porque o navio afundou no meio do caminho. A música salvou a vida dele várias vezes”, conta o maestro e violonista Eduardo Martinelli, que se apresentará no evento.
Desde que se aposentou, Sarrafo vive na cidade de Itanhaém-SP.  “Eu me aposentei como combatente, músico  profissional e funcionário público estadual”.

Na juventude, antes de ir para São Paulo, morou vários anos no Rio de Janeiro, onde estudou na Escola Nacional de Música. Neste estado, mergulhou ainda mais no mundo da música, compondo vários chorinhos, participando de várias bandas, orquestras e inaugurações de emissoras de rádio e televisão. “Eu me dediquei ao máximo à música, mas levando uma vida normal. Toquei em gafieiras, clubes, emissoras de televisão, de rádio, banda militar. Como músico, fiz de tudo. Gravei com Angela Maria, Francisco Alves, Nelson Gonçalves; participei da Orquestra de Osmar Milani, que se apresentava no programa do Silvio Santos, entre vários outros nomes da música brasileira”.

No fim dos anos 1960, quando morava em São Paulo, Sarrafo foi convidado a gravar chorinhos de sua autoria num estúdio de uma emissora de Belo Horizonte-MG, chamado Bemol. Porém, uma infeliz coincidência colocou tudo a perder. “Naquela semana, o  ex-presidente Juscelino Kubitschek tinha gravado um discurso nesta rádio, que foi levado por ordem do governo militar. E tudo mais que estava gravado no estúdio foi junto, incluindo as gravações do Sarrafo”, conta Martinelli.

Há alguns anos, quando o maestro conheceu Sarrafo e com ele travou grande amizade, tomou conhecimento das partituras dos choros e gravou o material. “Comecei a remontar aquele conteúdo e, há 6 anos, lancei o CD ‘Descendo o Sarrafo’, projeto viabilizado pelo Prêmio Petrobras. Foi este trabalho que alavancou a carreira dele novamente”, explica.
Mas por que o apelido Sarrafo? Foi dado pelos amigos e parceiros músicos. “Ele sempre foi um músico virtuoso. Onde chegava, os colegas falavam: ‘Agora, vamos descer o sarrafo. E o apelido ficou”.

APRESENTAÇÃO

O show em homenagem ao músico chama-se “Sarrafo 100 Anos”. No palco, vai se apresentar o Choro Opus Trio, formado por Eduardo Martinelli (violão), Philip Andara (flauta), Ivan Cruz (bandolim), Gleison Ferreira (violino) e Lucas Rosa (pandeiro).

Sarrafo tocará o saxofone em algumas músicas de sua autoria (“Pó de Serra”; “Cipó”; “Topada no Toco”) e haverá participações especiais de músicos convidados, como Marcos Assunção (guitarra) e o flautista Márcio Marques.

Será às 20h, na Morada dos Baís. Gratuito.

Fonte: Correio do Estado

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