Frente aos paralelos com a invasão do Capitólio americano há dois anos e dois dias por turbas insufladas pelo então presidente Donald Trump, o secretário de Estado americano, Anthony Blinken, disse que os EUA “condenam os ataques à Presidência, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal”:
“Usar violência para atacar instituições democráticas é sempre inaceitável. Nós nos juntamos a Lula ao pedir um fim imediato a essas ações”, escreveu ele.
Quase simultaneamente, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, afirmou que Washington “condena qualquer tentativa de minar a democracia brasileira”:
“O presidente [Joe] Biden está acompanhando de perto a situação e nosso apoio às instituições democráticas do Brasil é inabalável”, disse ele, que esteve no país nos dias após a vitória de Lula. “A democracia do Brasil não será abalada pela violência”, completou Sullivan, que em 2021 se encontrou com Bolsonaro e ressaltou a confiança americana na lisura do processo eleitoral brasileiro.
Em francês e português, o presidente da França, Emmanuel Macron, que planeja uma viagem ao Brasil, disse que “a vontade do povo brasileiro e as instituições democrática devem ser respeitadas”. O chefe do Palácio do Eliseu completa dizendo que o “presidente Lula pode contar com o apoio incondicional da França”.
Em nota, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, reiterou o apoio do bloco a Lula e afirmou que a “democracia brasileira prevalecerá sobre a violência e o extremismo”:
“A União Europeia condena nos termos mais fortes os atos antidemocráticos de violência que ocorreram no domingo, 8 de janeiro, no coração do governo em Brasília”, disse ele. “Os líderes políticos brasileiros, e especialmente o ex-presidente Bolsonaro, precisam agir de forma responsável e pedir que seus apoiadores vão para casa. O lugar para resolver diferenças políticas é dentro das instituições democráticas do Brasil, e não pela violência nas ruas.”
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse que a “democracia é o único sistema político que garante liberdades e nos obriga a respeitar o veredicto popular”. Quem tenta desrespeitar a vontade majoritária, disse ele, “atenta contra a democracia e merece não apenas a sanção legal correspondente, mas também o rechaço absoluto da comunidade internacional”.
“Quero expressar meu repúdio ao que está acontecendo em Brasília. Meu incondicional apoio e do povo argentino a Lula frente a esta tentativa de golpe de Estado que enfrenta”, disse ele. “Demonstraremos com firmeza e unidade nossa total adesão ao governo eleito democraticamente pelo brasileiros que é encabeçado pelo presidente Lula.”
Fernández disse também que os argentinos “estão juntos do povo brasileiro para defender a democracia e não permitir nunca mais o retorno de fantasmas golpistas promovidos pela direita”. Ele lembrou ainda que ocupa a presidência rotativa do Mercosul e da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), a qual o Brasil retornou nesta semana após ter sido removida por Bolsonaro, pedindo para que os países-membros de ambas se unam contra a “inaceitável reação antidemocrática”.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, primeiro líder de esquerda a governar o país, pronunciou-se conforme as primeiras imagens dos atos antidemocráticos começaram a circular, declarando “toda sua solidariedade a Lula e ao povo do Brasil” e afirmando que “o fascismo decide dar um golpe”:
“As direitas não puderam manter o pacto da não violência”, disse ele, que esteve no Brasil para a posse de Lula e teve reuniões com o presidente, demandando uma reunião imediata da Organização dos Estados Americanos (OEA).
O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, também condenou os atos em Brasília, afirmando que têm “natureza fascista”. O uruguaio foi eeleito para o comando da organização multilateral com o apoio não apenas de Bolsonaro, mas também de outros governos de direita que desde então deixaram o poder, como Iván Duque, antecessor de Petro, e Donald Trump.
“Condenamos o ataque às instituições em Brasília, que constitui uma ação repudiável e um atentando direto contra a democracia. São ações injustificáveis e de natureza fascista”, disse em seu Twitter.
O presidente chileno, Gabriel Boric, que também viajou ao Brasil na semana passada, disse que há um “ataque aos Três Poderes do Estado por parte dos bolsonaristas” e que o “governo do Brasil tem todo nosso respaldo diante deste covarde e vil ataque à democracia”.
O ocupante do Palácio de La Moneda também retuitou uma postagem de sua chanceler, Antonia Urrejola, afirmando que o Chile “rechaça a inaceitável ação antidemocrática que agride os Três Poderes do Estado do Brasil”, e instando a OEA a convocar uma sessão extraordinária de seu conselho permanente para “respaldar a democracia e o Estado de direito” no Brasil.
Já o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou, de centro-direita, disse que “lamentamos e condenamos as ações levadas a cabo no Brasil que atentam contra a democracia e as instituições”, retuitando um comunicado de sua Chancelaria fazendo um chamado pelo respeito ao Estado de direito, a democracia e seu governo.
O mexicano Andrés Manuel López Obrador disse que a “tentativa golpista dos conservadores do Brasil incentivados pela cúpula do poder oligárquico, seus porta-vozes e fanáticos” é “reprovável e antidemocrática”. O venezuelano Nicolás Maduro retuitou o post do par mexicano, a declaração do presidente Lula e fez uma postagem própria:
“Rechaçamos de forma categórica a violência gerada pelos grupos neofascistas de Bolsonaro que assaltaram as instituições democráticas do Brasil”, disse ele. “Nosso respaldo a Lula e ao povo brasileiro que seguramente se mobilizará em defesa da paz e de seu presidente.”
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, compartilhou uma nota em português e em espanhol demonstrando “todo seu apoio ao presidente Lula e às instituições livres e democraticamente eleitas pelo povo brasileiro” e pedindo o “retorno imediato à normalidade democrática”. Já a embaixadora britânica no país, Stephanie al-Qaq, disse:
“Condenamos as violentas cenas de ataque às instituições hoje em Brasília. Reafirmamos nossa confiança na força da democracia do Brasil e no bom funcionamento de seu processo democrático.”
O encarregado de negócios dos EUA no Brasil, Douglas Koneff, foi um dos primeiros a se pronunciar. Segundo ele, “a violência não tem lugar nenhum numa democracia”:
“Condenamos fortemente os ataques às instituições dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em Brasília, que é um ataque também à democracia. Não existe justificativa para esses atos!”, disse o representante.
Já o senador americano Bob Menendez, democrata de Nova Jersey e presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA, disse que “condena o assalto ultrajante a prédios do governo do Brasil incitado pelo inconsequente descaso do demagogo Bolsonaro com os princípios democráticos”:
“Dois anos após 6 de janeiro, o legado de Trump continua a amaldiçoar nosso Hemisfério. Proteger a democracia e responsabilizar atores malignos é essencial.”