Em “Um lugar ao Sol”, Helena, personagem de Claudia Mauro, é uma mulher preconceituosa e rígida com questões do corpo. Aceitação está longe de ser uma de suas práticas. Um comportamento diferente do da intérprete, que, na última semana, compartilhou um vídeo sambando de biquíni no Instagram e mostrou seu físico natural, sem retoques.
— Eu posto vários vídeos de dança, sem superprodução. Nesses dias estava um calor do cão, eu estava de biquíni em casa e sei que conteúdo de samba dá muitas visualizações. Pensei: “Será que vai ficar ridículo? Mas ficaria ridículo por quê? Estou de biquíni grande, não está indecente…” É bom para as pessoas verem que é possível chegar aos 53 anos de forma natural, sem peito falso, sem bunda falsa, com uma dobrinha aqui e outra ali. Não fico nessa pressão de corpo montado nem perfeito — frisa.
Na novela de Lícia Manzo, a personagem de Claudia vai na contramão dessa liberdade com a imagem e compartilha opiniões polêmicas. Ela explica:
— Ela tem ideias equivocadas, é gordofóbica. Trata mal o ex-marido porque ele é gordo e porque leva uma vida de artista, acredita que a filha com Síndrome de Down não pode ser independente… Mas tenho tido um feedback carinhoso do público. Mesmo ela tendo esse perfil, as pessoas se alegram ao me ver no ar. É uma personagem diferente. Sempre fiz as amigas, boazinhas. Inclusive, quando peguei o papel e vi que ela seria coach, imaginei que as pessoas que têm essa profissão iam cair em cima. Porque um coach não pode tomar o partido que ela toma. O caminho é achar o que faz a pessoa infeliz e tentar ajudar. Mas a personagem dá ordem, briga, ofende. Quem busca o tratamento leva uma culpa.
Ainda que os seguidores de Claudia deixem comentários positivos sobre sua volta à TV após sete anos, ela conta que alguns passam dos limites ao reagir a fotos ou vídeos em que ela dança ou mostra mais o corpo:
— Na maioria dos casos escrevem elogios à dança, à leveza. Mas tem uns caras que falam umas besteiras, tem gente que acha que eu posto para me exibir. Anos atrás, ganhei seguidores que assistiam às novelas bíblicas e hoje fazem críticas: agora está querendo se mostrar dançando de biquíni? Sobre as cantadas, eu penso: que bom que tem gente me apreciando nesse lugar (risos). Tenho 53 anos e recebo cantadas como recebia com 20. É claro que as mais pesadas eu bloqueio. Teve gente inclusive mandando mensagem inbox, homens tarados mesmo. Esses eu bloqueio.
Se nas redes não há diálogo para a falta de respeito, a situação é diferente quando a atriz quer cultivar uma relação duradoura. Casada há mais de 30 anos com Paulo César Grande, Claudia Mauro afirma que reviu as regras de uma relação monogâmica:
— Eu acho que só quem chega a 30 anos de casamento consegue pensar dessa forma. Prazo de exclusividade é até dez ou 15 anos (de união). Depois você renova ou não. São escolhas. Cada um tem sua vida particular. As pessoas que falam que estão juntas há tantos anos e nunca ninguém ficou com ninguém são hipócritas. Estar com o Paulo é uma escolha, ele é meu parceiro de vida, na alegria e na tristeza. Se você encontra alguém que tem as mesmas referências e uma parceria recíproca, cultiva. O resto, na balança, não vai pesar tanto.
Profissionalmente, além de estar no ar na novela das 21h, Claudia escreve o roteiro do filme “Silenciado” com Mirna Brasil Portella e Isabelle Borges; a série “Ele delas”, sobre Eduardo Galvão; e a peça “Na próxima estação”.
— Esse espetáculo fala dos homens que são parceiros, amigos. Apesar de estarmos numa geração machista, são os que chamo de “testosterona sensível”: eles têm esse universo doce de amizade, de lealdade, parceria, afeto e que não julgam, não subestimam a mulher — explica.
Fonte: Patricia Kogut
