Bivar desiste da disputa ao Planalto e senadora Soraya é cotada para assumir vaga

Luciano Bivar anuncia desistência de disputa ao Planalto em convenção da União Brasil no Recife – José Matheus Santos/Folhapress

DANIELLE BRANT, RICARDO DELLA COLETTA

JULIA CHAIB E JOSÉ MATHEUS DOS SANTOS
FOHA DE S. PAULO
BRASÍLIA e RECIFE – O presidente da União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), disse neste domingo (31) que tentará um novo mandato na Câmara dos Deputados e que não manterá sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto.

O aviso, feito um dia antes em grupo de WhatsApp de parlamentares do partido, foi repetida neste domingo na convenção estadual da União em Pernambuco, no Recife.

Bivar nem sequer pontuou na pesquisa Datafolha da semana passada, que mostra o ex-presidente Lula (PT) 18 pontos à frente de Jair Bolsonaro (PL).

Em sua fala na convenção, Bivar falou em uma possível aliança com o Podemos no 1º turno, tendo a senadora Soraya Thronicke (MS) como candidata da União Brasil na corrida ao Palácio do Planalto.

Eleita na onda bolsonarista de 2018, Soraya está no meio do mandato no Senado Federal —tem mais quatro anos pela frente.

“Quero parabenizar de longe a pessoa da senadora Soraya Tronicke que em breve estará em Pernambuco se apresentando como alternativa ao nosso país. Quero saudar aqui o Podemos que está aqui como uma possível união nacional”, disse Bivar.

“Resolvi voltar e continuar na câmara federal com a ajuda de vocês para que a gente possa continuar presidindo o partido com a força que tem o nosso partido e os nossos parlamentares.”

articulação para que Bivar desistisse de concorrer ao Planalto envolveu Lula. Inicialmente, Bivar tentou levar o partido para apoiar o petista. Integrantes da cúpula da União Brasil, porém, rechaçaram essa hipótese.

Uma consulta prévia foi feita com dirigente da legenda, que descartaram o apoio ao ex-presidente.

Na prática, a troca de Bivar por Soraya nada deve mudar da disputa polarizada entre Lula e Bolsonaro. Uma mudança haveria se Bivar desistisse, e a União Brasil em seguida optasse por não lançar candidato (o seu tempo de TV seria distribuído a todos os candidatos) ou apoiasse um ou outro no 1º turno.

O partido de Bivar detém a maior fatia de fundo eleitoral e o maior tempo de propaganda de rádio e televisão.

Para aliados de Lula, conseguir mais espaço na TV traria um impacto importante para a campanha petista e aumentaria as chances de uma definição ainda no primeiro turno.

A União Brasil foi formada a partir da fusão do PSL —antiga sigla de Bolsonaro— com o DEM. A ala do DEM se opõe a uma aliança com Lula e argumenta que o bloco de Bivar não tem força nacionalmente para impor um acordo com o PT.

A hipótese de a União Brasil apoiar Lula no primeiro turno, porém, já era considerada remota por integrantes da cúpula do partido. Isso porque há dirigentes da legenda, como Ronaldo Caiado, pré-candidato à reeleição em Goiás, que seriam prejudicados com o apoio ao petista.

Além disso, há ainda nomes como o de Mauro Mendes, pré-candidato ao Governo de Mato Grosso, que já declararam apoio a Jair Bolsonaro (PL).

A articulação relativa à União Brasil envolve ainda o palanque em São Paulo. Dirigentes da legenda dizem que, caso Rodrigo Garcia (PSDB) não dê ao partido a possibildiade de indicar o candidato a vice-governador na chapa, a legenda poderia apoiar Fernando Haddad (PT) no estado.

O presidente da União Brasil planejou a desistência desde o início da semana, mas estava em dúvida sobre a viabilidade de uma candidatura à reeleição em Pernambuco. Diante disso, Bivar partiu para conversas com aliados para viabilizar as bases eleitorais.

O parlamentar conversou com aliados no estado e também com dirigentes de partidos como PT e PSB. Bivar tem boa relação com o governador Paulo Câmara (PSB) e com o prefeito do Recife, João Campos (PSB), mesmo com a União Brasil tendo candidato pela oposição a governador, o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho.

Sem um movimento em direção ao PT e ao PSB, a reeleição de Bivar era considerada difícil, já que a avaliação interna é que o deputado federal Fernando Coelho Filho e o ex-ministro da Educação Mendonça Filho, ambos da União Brasil, teriam mais votos que o presidente da sigla.

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