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Chierighini vence os 100m livre e equipe mista “herda” ouro em dia de sete pódios na natação

A natação brasileira obteve 12 medalhas nos dois primeiros dias de competições nos Jogos Pan-Americanos de Lima. E, nesta quinta-feira, a galeria de conquistas aumentou ainda mais, liderada por um sólido triunfo de Marcelo Chierighini nos 100m livre sobre o astro norte-americano Nathan Adrian, atleta mais condecorado que disputa o torneio continental. O segundo ouro da noite veio no revezamento 4x100m medley misto graças a uma desclassificação dos Estados Unidos.

 

Ao todo, foram sete medalhas, das quais duas de ouro, duas de prata e três de bronze. Com 19 láureas e dois dias de finais pela frente, o país já se aproxima do recorde particular de 26 pódios registrado no Rio 2007 e Toronto 2015.

 

 

Foram dois pódios na prova mais nobre da modalidade, os 100m livre. Na disputa feminina, Larissa Oliveira ficou com o bronze ao registrar 55s25, atrás da norte-americana Margo Geer (54s17, ouro) e da canadense Alexia Zevnik (55s04, prata). Daynara de Pauta foi a sétima colocada, com 56s88.

 

Foi a primeira vez desde 2007 que a natação feminina do país subiu ao pódio na distância. Larissa já havia ido ao pódio, também com um bronze, nos 200m livre na quarta.

 

 

– Os tempos acho que fiquei um pouco a desejar, do que treinei, do que eu queria, mas conseguir uma medalha é algo a ser muito comemorado. Saio feliz por isso – afirmou Larissa.

 

 

O paulista Marcelo Chierighini, que há anos se mantém entre os melhores do mundo na distância símbolo da natação, fez ainda melhor. O velocista venceu os 100m livre com um bom tempo (48s09), à frente do americano Nathan Adrian (48s17), campeão da prova nos Jogos de Londres e detentor de oito pódios olímpicos, em 2012. Foi a primeira láurea dourada individual dele em Pan.

 

 

– Eu estou muito feliz e não só pela medalha. Último Pan-Americano eu fiquei com o bronze. E nesse aqui está mais forte. O Nathan é um cara sensacional, que eu sempre via nadando, campeão olímpico. Um cara exemplar, para se espelhar. E ganhei dele. Sem palavras, estou muito feliz – disse.

 

 

O bronze ficou com outro americano, Michael Chadwick (48s88). Breno Correia terminou na quinta posição (49s14).

 

– Significa muito ter um cara como o Marcelo dizendo coisas boas sobre mim. Essas palavras querem dizer que estou fazendo as coisas certas. E a medalha também diz isso. É uma prova boa de competir. Estou me divertindo aqui. Espero continuar competindo com o Marcelo – afirmou Adrian, que superou um câncer no testículo diagnosticado no início do ano para voltar à natação.

 

É o terceiro triunfo brasileiro nos 100m nos últimos quatro Jogos Pan-Americanos: Cesar Cielo levou a melhor no Rio 2007 e em Guadalajara 2011. A seqüência só foi quebrada em Toronto 2015, quando o argentino Federico Grabich subiu ao alto do pódio.

 

 

Chierighini foi às finais dos 100m nos últimos quatro Campeonatos Mundiais de Esportes Aquáticos (Barcelona 2013, Kazan 2015, Budapeste 2017 e Gwangju 2019) e também à dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Integrante cativo do revezamento 4x100m livre brasileiro, ele tinha em seu currículo um bronze na prova nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015.

 

O outro ouro veio na última prova da noite, com o revezamento 4x100m medley misto (Guilherme Guido, João Gomes Júnior, Giovanna Diamante e Larissa Oliveira) levou a medalha de prata. Mais uma vez, atrás dos EUA. Os americanos, porém, acabaram desclassificados porque o segundo nadador a ir à água, Cody Miller, executou uma pernada ilegal na virada. Os Estados Unidos protestaram. A PanAm, organizadora dos Jogos, reviu o lance no vídeo da transmissão e manteve a punição. A equipe americana ainda tentou usar um vídeo próprio como argumento, mas teve o pedido negado.

 

 

– Acabou a prova, a gente saiu rapidamente e já estavam chamando para a premiação. Estávamos sentados e aí o pessoal da Argentina começou com um burburinho de que os Estados Unidos teriam sido desclassificados. A gente achou que não ia acontecer nada. Mas, do nada, nos avisaram que tínhamos ganhado. É sempre bom subir no lugar mais alto do pódio – disse João, que já havia vencido os 100m peito.

 

Assim, os brasileiros ficaram com o ouro, o Canadá com a prata e a Argentina com o bronze. A prova entrou para o programa dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no próximo ano.

 

– Meu primeiro Pan, minha primeira medalha. Estou muito feliz de dividir com essa equipe maravilhosa – disse Giovanna.

 

Etiene de bronze

 

A produtiva noite brasileira não parou nos 100m livre. Na mesma distância, mas no estilo costas, Etiene Medeiros levou o bronze com o tempo de 1min00s67. À frente dela ficaram a americana Phoebe Bacon (59s47, ouro) e a canadense Danielle Hanus (1min00s34, prata). A curitibana Fernanda de Goeij chegou na quinta posição em 1min01s59.

 

A pernambucana havia sido campeã da prova nos Jogos de Toronto, em 2015. Na ocasião, ela tornou-se a primeira nadadora brasileira a faturar um ouro em prova individual.

 

Antes de ir ao pódio para receber sua medalha, a nadadora foi até a arquibancada para buscar a bandeira de seu estado natal, e com ela ficou até depois da premiação.

 

Guido bate na trave

 

Na versão masculina dos 100m costas, Guilherme Guido chegou muito perto do ouro, mas terminou em segundo lugar (53s54), atrás do americano Daniel Carr (53s50) e à frente do trinitino Dylan Carter (54s42).

 

Foi a segunda vez que o paulista de 32 anos bateu na trave. No Pan de Toronto, há quatro anos, ele também havia sido o vice-campeão. Além disso, ele ostenta um bronze na prova do Pan de Guadalajara, em 2011.

 

Inesperada, mas muito comemorada, foi a medalha de Viviane Jungblut nos 800m livre. O bronze que a gaúcha de 23 anos arrebatou acabou sendo o primeiro de uma nadadora do país na prova. Além disso, ela tornou-se a primeira brasileira, entre homens e mulheres, a ir ao pódio tanto na piscina quanto na maratona aquática – há poucos dias, ela levou o bronze nos 10km.

 

– Esse sabor da medalha aqui na piscina é diferente, mais gostoso. Eu sabia que seria um grande desafio, mas consegui fazer uma grande prova – disse Viviane.

 

Grata surpresa

 

A superação da gaúcha parece ter inspirado o mineiro Miguel Valente, que com uma excelente atuação nos 800m livre masculino – liderou praticamente toda a prova – levou a prata (7min56s37). Ele foi ultrapassado somente nos últimos 50m pelo americano Andrew Abruzzo (7min54s70), mas se manteve adiante do mexicano Ricardo Jacobo (7min56s78).

 

– Eu sabia que o americano vinha bem e estava forte, mas consegui fazer muito próximo do meu melhor e graças a Deus veio a medalha – disse Miguel.

 

Fonte Globoesporte

 

 

Agnaldo Cardoso
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