Chuvas no Acre podem ter isolado bairro brasileiro no território da Bolívia

Vídeos mostram casas sendo arrastadas e aldeias destruídas pela cheia dos rios — Foto: Arquivo pessoal

A cheia histórica no Acre colocou 17 dos 22 municípios do estado em situação de emergência e já obrigou 14,4 mil pessoas a deixarem suas casas, entre desalojados e desabrigados. Ao menos 23 comunidades indígenas foram afetadas. Símbolo da tragédia, a cidade de Brasileia teve um de seus bairros engolidos pela água e, segundo a Prefeitura, ele pode ter ficado isolado no território da Bolívia.

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O transbordamento dos rios e igarapés fez com que o governo estadual alocasse 5.960 cidadãos em 62 abrigos nas dez cidades com panorama mais crítico. As aldeias, que sofrem com os efeitos do aumento do nível de rios e igarapés, perderam grande parte das casas, estruturas e plantações. Os rios já subiram 15,58 metros, superando todas as maiores marcas históricas

Iolada porvia terrestre, Brasileia teve 75% do seu território alagado no pico das enchentes, no início da semana. Ao todo, 32 pontes destruídas pelas cheias e 15 prédios públicos estão inundados, dentre eles, o fórum, a prefeitura e a delegacia. São 16 abrigos na cidade para acolher 319 famílias, enquanto outras 3.128 tiveram que deixar suas casas e se mudar para locais como casas de parentes. Seis comunidades estão completamente isoladas, uma delas o bairro de Leonardo Barbosa, nos fundos da cidade, que foi movido pela chuva.

 

A única rua de acesso ao bairro foi engolida pela água, o que provocou uma possível erosão. Caso a movimentação seja confirmada, o Leonardo Barbosa pode ter ficado isolado no território da Bolívia, que o rodeia. De acordo com a prefeita Fernanda Hassem, a certeza a respeito da erosão só virá quando a água baixar, mas que tudo indica que o cenário seja este. A informação é da CNN.

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Veja o mapa da Prefeitura:

Mapa da Prefeitura de Brasileia mostra possível movimentação do bairro de Leonardo Barbosa — Foto: Divulgação/Prefeitura de Brasileia

Mapa da Prefeitura de Brasileia mostra possível movimentação do bairro de Leonardo Barbosa — Foto: Divulgação/Prefeitura de Brasileia

Mapa da Prefeitura de Brasileia mostra possível movimentação do bairro de Leonardo Barbosa — Foto: Divulgação/Prefeitura de Brasileia

Mapa da Prefeitura de Brasileia mostra ponto de possível ruptura no bairro de Leonardo Barbosa — Foto: Divulgação/Prefeitura de Brasileia

Mapa da Prefeitura de Brasileia mostra ponto de possível ruptura no bairro de Leonardo Barbosa — Foto: Divulgação/Prefeitura de Brasileia

Outras regiões arrastadas pela chuva

No município de Marechal Thaumaturgo, mais de 7 mil pessoas sofrem com a cheia do Rio Juruá, onde a cheia ultrapassa os 12 metros. A Defesa Civil tem encontrado dificuldades para monitorar o nível do rio, já que em virtude da força das águas, a régua de medição do manancial foi arrancada. As águas invadiram as zonas urbana e rural. Cerca de 330 famílias foram deslocadas para abrigos públicos, 43 buscaram refúgio na casa de parentes, e outras 115 estão recebendo assistência através de aluguéis sociais.

 

Na região, é possível ver casas sendo arrastadas pela força do rio, com o nível da água alcançando o telhado das residências.

O município de Jordão, no Vale do Tarauacá/Envira, a mais de 450 km da capital Rio Branco, está em situação emergência por conta da cheia do Rio Tarauacá, que já atinge mais de 5 mil pessoas. Com cerca de 40% da área urbana afetada, até mesmo o hospital geral do município precisou ser evacuado após as águas do manancial chegarem na unidade de saúde. Pacientes e parte dos equipamentos foram levados para uma unidade montada provisoriamente no prédio da Secretaria de Assistência Social do município.

Na cidade de Jordão, foram atingidas as aldeias Xiku Kurumim, Bom Jesus, Nova União e o bairro Kaxinawá. As prioridades nesse primeiro momento, segundo Francisca Arara, titular da Secretaria Extraordinária de Povos Indígenas do Estado (Sepi), são alimentação, água potável e kits de higiene. Em Xiku Kurumim, a comunidade de aproximadamente 150 pessoas perdeu grande parte das plantações, grãos, casas e outras construções.

De acordo com o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Alto Rio Purus, 395 famílias que vivem em comunidades indígenas foram atingidas até o momento, membros de etnias como Jaminawa, Kaxarari, Huni Kuin e Manchineri. Há registros de aldeias afetadas desde as bacias do Alto Acre, do Alto Purus, Tarauacá/Envira, até o Alto Juruá.

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Estado de emergência

Além dos 17 municípios já considerados em situação de emergência pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), estuda acrescentar outras duas cidades à lista. Isso elevaria o percentual de municípios drasticamente afetados de 77% para 86% do total do estado.

Os municípios já em estado de emergência são: Assis Brasil, Brasileia, Capixaba, Cruzeiro Do Sul, Epitaciolândia, Feijó, Jordão, Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Plácido De Castro, Porto Acre, Porto Walter, Rio Branco, Santa Rosa Do Purus, Sena Madureira, Tarauacá e Xapuri.

 

Fonte G1.

Redação Gdsnews.

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