Com a falta de segurança, “nova” rodoviária pode se transformar em antigo terminal

Passageiros e funcionários do Terminal Rodoviário de Campo Grande reclamam do aumento de furtos e da falta de policiamento – Foto CE.

Quando chega o fim da tarde, os trabalhadores do Terminal Rodoviário de Campo Grande já não se sentem mais seguros. Apesar da diminuição do policiamento também durante o dia, é no período noturno que muitos relatam furtos, sobretudo envolvendo pessoas em situação de rua, que têm escolhido cada vez mais o local para pernoitar.

A reportagem foi ao terminal nesta segunda-feira (20) e confirmou os fatos. Em pouco mais de uma hora, nenhum policial ou guarda-civil foi visto fazendo a segurança do local. Enquanto isso, andarilhos passavam dentro e fora do terminal, alguns até vasculhavam lixos.

Uma única viatura da Guarda Civil Metropolitana (GCM) foi vista no local, mas os guardas estavam dentro de uma sala destinada à GCM. Após alguns minutos, dois agentes saíram, entraram na viatura e deixaram o terminal.

Durante todo o período de permanência da reportagem no local, nenhum outro carro ou guarda-civil foi visto. Esse tipo de situação é habitual, segundo os trabalhadores do terminal. Centurião Ramos Duarte é taxista na rodoviária há 10 anos e informou que, em aproximadamente um ano e meio, aumentou muito o número de andarilhos no local.

“A gente se sente muito vulnerável aqui, não tem segurança nenhuma. Quando tem alguma ocorrência aqui dentro, temos que chamar os caras [polícia], e eles demoram para chegar. Acontece agressão e furto com frequência aqui”, relatou o taxista.

José Carlos também é taxista, trabalhou por oito anos no terminal, desde que o novo prédio foi inaugurado, e retornou há um ano e meio.

“Logo que começou a rodoviária não tinha isso, porque havia um policial militar 24 horas aqui. Quando voltei a trabalhar no terminal, me deparei com um local sem GCM nem polícia”, comentou o taxista.

FURTOS

O trabalhador notou a presença de muitas pessoas em situação de rua no local e relatou que muitos passageiros e trabalhadores já foram furtados, inclusive ele.

“Você tem que manter o carro trancado mesmo que haja um colega no ponto, porque esses dias roubaram o meu celular e mais R$ 400. Foi em uma segunda-feira e, mesmo de dia, ninguém viu quem cometeu o crime”, disse José Carlos.

O taxista afirmou ainda que, quando a Guarda Municipal está no local, os agentes ficam pouco tempo no terminal e na maior parte do tempo permanecem dentro da sala da GCM.

Não são apenas os taxistas que reclamam da presença de pessoas em situação de rua no local. Rafael Mendes é supervisor da Andorinha, uma das agências de transporte do terminal, e relata que tem receio de ficar no local, pois o policiamento não é frequente.

“A gente trabalha com dinheiro, com vendas, temos medo de acontecer o que acontecia em anos anteriores, de entrarem no guichê e assaltarem todo mundo. Aqui na rodoviária não temos policiamento, e a Guarda Municipal só está de vez em quando. Polícia, só quando chamam, e ainda demora um pouco. Aqui a gente fica desprotegido até mesmo de clientes agressivos”, afirmou Rafael.

Não são apenas moradores de rua que realizam os furtos, alguns passageiros já foram pegos cometendo crimes. É o que aconteceu no quiosque de celular e artigos eletrônicos que fica dentro do terminal.

Jaqueline Marques e Priscila Ferreira trabalham no local e relatam que diversas vezes presenciaram furto no estabelecimento, principalmente no período da noite.

“A gente joga uma lona por cima do quiosque, eles entram e roubam o que tiver aqui dentro. Arrombam gaveta, pegam o dinheiro, levam caixa de som. Esses dias, fui ao banheiro e na hora em que eu voltei uma mulher abriu a gaveta, pegou o dinheiro e saiu correndo”, afirmou.

Conforme relatado à reportagem, neste caso, uma funcionária da limpeza da rodoviária conseguiu barrar a fuga da ladra e recuperar o dinheiro do quiosque. As funcionárias também afirmam que os guardas-civis permanecem na salinha e não realizam a segurança do local.

“Eles ficam na salinha dormindo. Se vem alguém roubar ou brigar, eles demoram meia hora para aparecer”.

As funcionárias relataram ainda que, em uma semana, por duas noites seguidas houve furto de celular de trabalhadores da rodoviária no horário de saída, e na terceira noite a mesma pessoa fez outra tentativa de furto, mas a vítima conseguiu fugir, pois já sabia quem era.

A falta de segurança também é notada pelos passageiros, que ao chegarem ao terminal se deparam com algumas pessoas pedindo dinheiro.

Elaine Valdez viaja de ônibus mensalmente e também ressalta a falta de segurança do local. “Um rapaz me pediu para completar uma passagem para ele. Estava com documento, parecia alguém que precisava mesmo, mas a gente não sabe. Eu já fico receosa com o celular na mão”, disse.

A reportagem entrou em contato com as assessorias da Polícia Militar, da Guarda Civil Metropolitana e do Terminal Rodoviário de Campo Grande, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.

 

Fonte CE.

Redação Gdsnews.

 

 

 

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