Ele é da noite, da festa e do agito, mas, quando o dia amanhece, Filipe Ret sabe exatamente onde quer estar: sua tranquila cobertura em Laranjeiras, bairro da zona sul do Rio de Janeiro, cuja boca se enche para chamá-la de “lar”. Dono de uma concorrida agenda de shows, disputada pelos quase 10 milhões de seguidores nas redes sociais, o rapper percorre todo o Brasil com hits que agitam baladas e eventos madrugada adentro. Não é de se estranhar, portanto, que a morada seja um porto seguro literal.
“Eu tenho essa parada do ambiente mudar meu astral, então queria um lugar que me trouxesse paz. Minha casa precisava ser a mais pacífica o possível, porque já trabalho muito no fervor da noite”, comenta o cantor em entrevista à Casa Vogue. Enquanto muitas de suas músicas versam sobre a euforia da vida urbana, sua residência estampa brandura e discrição. “Papo reto: o que não pode faltar aqui é esse clima. Não existe sensação melhor do que chegar em casa e sentir a tranquilidade”, ressalta.
A busca pela quietude guiou toda a decoração do apartamento, inspirada no estilo minimalista das suítes de hotéis preferidas de Ret. A paleta serena não extrapola os tons de cinza, bege e branco, assim como todos os elementos de marcenaria mantêm a austeridade. O que não significa, no entanto, que cores vibrantes são proibidas da porta para dento. Elas estão lá de forma estratégica, como o verde que aparece no sofá da sala de jogos e o roxo na mesa de sinuca. O ambiente, com vista livre para o entorno (é possível ver o Cristo Redentor sem muito esforço), é onde o artista costuma acolher os amigos e realizar suas famosas “resenhas”.
Filho de arquiteto, o morador herdou do pai o olhar atento para as formas de tudo. Incomoda-lhe, por exemplo, móveis com traços quadrados e desenhos altos. A aflição é tamanha que quadros são praticamente inexistentes nas paredes. Os resistentes, ele confessa, foram colocados especialmente para receber a equipe de reportagem de Casa Vogue. “Sempre prezei pelo básico”, justifica. Filipe também tirou de letra eleger todas as peças assinadas que compõem o imóvel repaginado pelo escritório Studio Ro+Ca, dos irmãos Caio e Carlos Carvalho e Rodrigo Beze. “Eu sou crítico de design na minha cabeça”, diz ele aos risos. “Posso não ter o conhecimento técnico, mas curti tudo o que o Carlos me apresentava”.
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O pendente na sala de jantar com assinatura de Ingo Maurer foi uma das boas descobertas que o rapper teve em sua incursão pelo mundo do desenho, assim como as criações brasileiras do Studio Sette7 e Nildo José. “Nós mostramos muitos designers nacionais jovens para o Ret. Ainda que inicialmente ele não tivesse tanto repertório, quando gostava de algo, gostava de verdade”, comenta o arquiteto Carlos Carvalho. “Mas o mais interessante deste projeto foi descobrir uma nova faceta do artista. Afinal, ninguém imaginava que uma casa para o Filipe Ret seria tão minimalista”, confidencia. Talvez seja essa mesmo a grande graça do morar: não existem caixas para a personalidade.