Irmão do presidente da Câmara de Sidrolândia teria agredido rapaz dentro da Casa de Leis

Trechos do vídeo feito pela vítima no momento em que Valcélio Figueiredo fez as supostas ameaças – Foto: Reprodução

O ex-cacique Valcélio Figueiredo, indígena da etnia terena da região da reserva Buriti, entre os municípios de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, teria agredido o aposentado por invalidez Fábio Pereira da Silva, no dia 13, dentro da Câmara Municipal de Sidrolândia.

Valcélio é irmão do presidente da Casa de Leis da cidade, vereador Otacir Pereira Figueiredo (PP), mais conhecido como Gringo, e responsável pela Coordenadoria Executiva de Trânsito de Sidrolândia.

Segundo a vítima, ela teria comparecido à Câmara Municipal para cobrar dos vereadores uma intervenção no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), local onde faz acompanhamento psiquiátrico há anos, pois estava ficando trancado com cadeado em horário de expediente, dificultando o acesso de quem precisa utilizar o serviço.

“Eu estava esperando uma pessoa no saguão da Casa de Leis e conversando com ela pelo WhatsApp, inclusive, essa pessoa me informou que já estava chegando. Foi quando o Valcélio Figueiredo e um subordinado me abordaram, dizendo que eu estaria desrespeitando os indígenas”, recordou Fábio Pereira, revelando que, naquele momento, já ligou a câmera de vídeo de seu smartphone.

Na gravação, a qual a reportagem teve acesso, é possível verificar que dois homens discutem com a vítima e, em tom de ameaça, falam para que ela saia da Câmara Municipal para resolver as “diferenças” na rua.

Após um bate-boca entre os envolvidos, há uma tentativa de tirar o smartphone das mãos de Fábio, e o vídeo é interrompido. Conforme a vítima, teria sido naquele momento que os dois homens partiram para cima e o agrediram.

“Fui empurrado contra a janela de vidro e tentaram me espancar. Nesse momento, eu quebrei um pedaço do vidro para me defender. É por isso que eu estou pedindo as imagens das câmeras de segurança para mostrar que eu fui empurrado contra o vidro. Essa foi à forma que encontrei para tentar afastar eles de perto de mim”, contou.

Com o pedaço de vidro na mão, conforme Fábio Pereira, o irmão do presidente da Casa de Leis e o seu subordinado se afastaram.

“A agressão parou, e eu aproveitei para chamar a polícia. Porém, quando os agentes chegaram, eles inverteram a história. Acabei sendo preso por depredação”, reclamou.

“Eu errei em quebrar um vidro do patrimônio público, mas fui empurrado contra a janela porque eles estavam tentando me espancar. Foi uma reação para que eles se afastassem de mim. Eu chamei a Polícia Militar e quem foi preso fui eu”, lamentou.

Fábio Pereira revelou ainda que a Câmara Municipal registrou um boletim de ocorrência (BO) contra ele por depredação de patrimônio público.

“Eu também tentei registrar um BO, não consegui porque já tinham feito um contra mim, mesmo tendo sido eu que chamei a polícia, pois quem estava correndo risco era eu. Todos eles mentiram dizendo que eu tinha chegado lá e ameaçado eles de morte. Isso é mentira. Se você desacatar um funcionário público no exercício da função já é crime, imagine ameaçar de morte”, argumentou.

O aposentado por invalidez informou que chegou há ficar dois dias preso em razão da acusação, a qual considera falsa, de depredação de patrimônio público e ameaça de morte contra os servidores.

“Eu fiquei muito triste por ter passado dois dias preso, e o agressor, livre. Inclusive, tenho o prontuário médico, pois eu tive de sair da delegacia porque tentei suicídio”, relatou.

Ele informou que tentou tirar a vida pois considerou ter passado por uma injustiça muito grande.

“Tenho de tomar medicamento psicotrópico. Sou aposentado por invalidez e tomo remédios pesados. Por falta dos meus medicamentos na delegacia e vendo a injustiça que estava acontecendo comigo, tentei tirar a minha própria vida, mas os policiais chamaram o Corpo de Bombeiros e fui levado para o hospital”, recordou, garantindo que tem sido perseguido pelas várias denúncias que tem feito de irregularidades no município.

Procurado pela reportagem, o vereador Gringo pediu para que o contato fosse feito com a procuradora-geral da Casa de Leis, Ana Caroline Donato Lima, que encaminhou uma nota com o posicionamento dele. No texto, informou que desconhecia os fatos alegados por Fábio Pereira.

“Entretanto, quanto à depredação de patrimônio público ocorrida no dia 13 de abril, nas dependências da Câmara Municipal de Sidrolândia, o presidente lamenta e repudia o acontecido e informa que as medidas judiciais cabíveis foram tomadas e todos os envolvidos foram identificados e responsabilizados”, finalizou.

 

Fonte CE.

Redação Gdsnews.

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