Marcha para Jesus em 7 de setembro cria espaço para manifestações políticas

Pública da Marcha para Jesus se confunde com apoiadores de Bolsonaro no 7 de setembro – Foto CE.

Realizada no mesmo dia dos desfiles de 7 de setembro, a Marcha para Jesus – até pelo espectro ideológico – traz uma grande concentração de apoiadores do atual presidente, ainda que a organização busque garantir que o evento é “para todos”.

“A marcha de Jesus é para todas as pessoas, inclusive para aquelas que não confessam fé nenhuma. É um convite para toda a cidade, todos tem liberdade e serão recebidos como a gente faz em todas as marchas”, comenta Wilton Acosta, presidente o Conselho de Pastores de Mato Grosso do Sul (Consepams).

Apesar da nítida polarização política dentro das igrejas, ele garante que a Marcha de 2022 seguirá “o mesmo modelo de todos os anos”, ou seja, dando espaço para as “tradicionais” autoridades que carregam a bandeira de cristão para seu eleitorado.

“Todas as pessoas que estiverem, temos um momento para orar com as autoridades, seja quais forem, prefeito, governador, todos os mandatários que estiverem presente… A gente sempre fez isso”, pontuou.

Após o show na Praça do Rádio, o trio elétrico levou os fiés até a Prefeitura de Campo Grande, onde a Prefeita discursou sobre a marcha e o futuro de Campo Grande.

“É um momento muito importante. Ainda celebrando 123 anos de Campo Grande. Nós estamos aqui declarando que essa cidade é do Senhor Jesus, respeitando todas as religiões. E é uma momento profético, feliz e de celebração também os 200 anos da Independência do Brasil com essa festa linda”, disse ela em entrevista.

Depois de cumprimentar as autoridades a população, Adriane Lopes usou o momento em frente à Prefeitura para falar de sua chegada ao cargo, dizendo que Campo Grande seria “a capital das famílias mais abençoadas da Terra”.

“Acredito na força da palavra. E a declaração, a profecia, tem poder. Quero que declarem comigo como essa Capital será conhecida. Vamos juntos profetizar e declarar que Campo Grande é do Senhor Jesus”, disse.

Retrospecto X atualidade

Ao ocupar o mesmo dia dos desfiles de 7 de setembro – até pelo espectro político de boa parte dos cristãos -, fica difícil distinguir os apoiadores de Bolsonaro, dos crentes em Deus que prestigiam o evento e daqueles que acompanham o desfile cívico desde cedo.

Em cima do palco, aquele que aponta a Marcha como “sendo para todos”, é o mesmo que viu seu partido (Republicanos-MS) rachar, após disputa entre igrejas evangélicas e a escolha do deputado estadual Barbosinha (PP) para ser vice na chapa de Eduardo Riedel ao Governo.

As tensões criadas com a escolha do bispo Marcos Vitor, da Igreja Sara Nossa Terra, de Dourados. Uma vez que ele chegou a ter recebido a confirmação de que participaria da chapa ao governo.

Os ânimos não se acalmara nas igrejas Universal e Sara Nossa Terra, que, com grande número de fiéis, travam disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados e pelo comando do partido no futuro.

Vale ressaltar que, ainda em 2018, Wilton foi alvo da Polícia Federal em ação contra desvio de recursos.

Na época, três policiais chegaram na casa dele por volta das 7 horas da manhã, em uma viatura descaraterizada e, cerca de uma hora depois, foram embora levando uma pasta.

De acordo com as investigações, entre o 2.º semestre de 2016 e 1.º semestre de 2017, recursos da Funtrab teriam sido utilizados indevidamente para compra de bens privados e pagamentos de despesas particulares de ex-dirigentes e membros do Conselho Deliberativo.

E o povo?

Fora da demagogia dos cargos públicos, na multidão – calculada previamente em 120 mil pelos organizadores, e 80 mil pela Polícia Militar -, o apoio de grande parte daqueles que fazem inclusive uso das camisetas amarelas, está nas mãos do presidenciável Jair Bolsonaro.

“Primeiramente a gente vem buscar a palavra de Deus, a Marcha para Jesus, o nosso intuito. Mas aproveitando também, a gente vem com intenção de prestigiar nosso presidente, que será candidato e vencedor no 1.º turno, em nome me Jesus. Juntamos as duas coisas: Deus e a política, e aí é Bolsonaro na política”, comenta uma mulher de 72 anos, com um boné do atual presidente.

Morador de Rochedo, José Roque Fagundes, de 48 anos, assumiu que geralmente não frequenta a marcha, por não morar na cidade, mas como nesse ano caiu no 7 de setembro pôde vir até Campo Grande manifestar, segundo ele, contra a “nuvem escura de políticos que roubam”.

Ao reclamar de impunidade, ele cita um “emparelhamento” entre os poderes, o que lhe causa o medo de, no futuro, não poder “ter nem liberdade de vir aqui”.

“É um grito de liberdade de “pelo amor de Deus, deixa a gente trabalhar, viver, nossos filhos viverem num Brasil melhor, não o que vem acontecendo aí toda a semana corrupção, corrupção. Já vamos para 4 anos que está tudo bem. Então nós viemos apoiar o presidente Bolsonaro, a gente quer que ele ganhe de novo pois te”remos certeza que será um país melhor pra todo mundo”, afirmou José.

Responsável por apresentar o evento ao público, o Pastor Lucas aproveitou o microfone para fazer uma alusão à data (7 de setembro) e ao período eleitoral, dizendo não falar de política mas “agitando” com a pergunta “quem é Bolsonaro 2022?”.

Além disso, o apresentador brincou, dizendo “Olha, gente, hoje é 7 de setembro, não vamos ficar falando muito de política… Só vou falar 22 vezes para vocês hoje”, uma alusão ao número do candidato do PL.

 

Fonte CE.

Redação Gdsnews.

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