Obra do governo federal no Rio Paraguai pode afetar região pantaneira

Investimento em hidrovias anunciado para MS inclui dragagem no trecho entre Corumbá (MS) e Cáceres (MT) –Foto Arquivo

Entre os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) anunciado nesta sexta-feira (11), pelo governo federal, está à obra de dragagem no Rio Paraguai, no tramo norte, que compreende Corumbá, em Mato Grosso do Sul, e a cidade de Cáceres, no Mato Grosso, o que pode trazer impactos negativos para o Pantanal, embora contribua para melhorar a navegabilidade do local.

A quantia que será investida não foi divulgada, contudo, apenas para empreendimentos em transporte eficiente e sustentável serão destinados para MS R$ 15,4 bilhões, o que inclui não apenas hidrovias, como no caso do Rio Paraguai, mas, também rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.

Como a divulgação foi feita apenas elencando os locais e as áreas de desenvolvimento contempladas, ainda não é possível saber se a dragagem prevista é apenas para a manutenção do rio, com a retirada de sedimentos que podem cair no leito por causa da erosão, ou se será para abrir caminho e tornar este trecho navegável para grandes embarcações.

No caso de manutenções, a pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Ministério Público Federal (MPF), Débora Calheiros, aponta que é um procedimento normal e contribui para manter os trechos navegáveis.

Assim, os pontos de bancos de areia são identificados por meio da Capitania dos Portos, que atua em Corumbá, para que as dragas, um tipo de retroescavadeira, captem a areia e deixem o trecho livre de obstáculos.

Um segundo especialista também ressaltou que, se feito apenas para manutenção e de forma moderada, o procedimento não afeta de forma drástica o ecossistema do rio e nem o bioma pantaneiro por se tratar de algo superficial, feito apenas no leito, facilitando inclusive que o curso hídrico siga o curso natural.

Por outro lado, se o investimento for feito para abrir uma hidrovia entre Corumbá e Cáceres, o processo é mais invasivo no meio ambiente e pode desequilibrar todo o bioma.

Débora Calheiros enfatiza que para abrir um curso para navegar com grandes cargas será preciso retirar sedimentos mais profundos do rio Paraguai e isso pode alterar a cheia do Pantanal.

“Com a dragagem o leito fica mais profundo e faz com que a drenagem da água seja maior, diminuindo a oferta de água para os animais e plantas da planície”, explica a pesquisadora.

Calheiros ainda enfatiza que esta técnica pode aumentar o tempo de seca, que geralmente vai de outubro a dezembro, pode ser mais proeminente, com risco inclusive de repetir a seca ocorrida nos anos 60.

“A drenagem do Pantanal ficará maior, deixando a região menos úmida e isso pode afetar todos os processos ecológicos”, destaca, apontando que as secas mais proeminentes podem voltar a ocorrer.

 

Fonte CE.

Redação Gdsnews.

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