Onze terrenos multados na Muzema estão em nome de morto

Desde 2005, a Prefeitura do Rio disse ter emitido 17 multas contra construções irregulares no condomínio da Muzema onde dois prédios desabaram na última semana. A imprensa teve acesso aos talões de 11 deles, que estão em nome de José Abrahão. Ele já estava morto neste período.

Documentos obtidos pela equipe de reportagem em cartórios mostram que, em 2002, um terreno, no mesmo endereço do condomínio Figueiras do Itanhangá foi herdado pelos filhos de José Abrahão: Antônio Henrique Abrahão e Maria José Aminger.

Em 2009, este imóvel foi penhorado por uma dívida de IPTU com a Prefeitura do Rio. Uma decisão de 2015 suspendeu o processo após o início do parcelamento da dívida, sem cancelar a penhora.

Polícia procura suspeito responsável pelas construções irregulares que desabaram na Muzema

Nesta quinta-feira (18), os bombeiros chegaram ao sétimo dia de buscas por vítimas nos escombros dos prédios da Muzema. Foram encontraram 19 mortos, e ainda há três pessoas desaparecidas.

Depois da tragédia, 16 prédios do condomínio serão implodidos pela Prefeitura. Três imóveis que serão demolidos ficam próximos às construções que desabaram.

Polícia procura dono dos prédios
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga quem seria o proprietário dos imóveis que caíram. Um suspeito é o morador da Muzema José Bezerra de Lira, de 42 anos, conhecido na comunidade como Zé do Rolo. Ele é assim chamado por atuar em pequenos negócios imobiliários na comunidade.

Além das investigações da polícia, há outros indícios de que Zé do Rolo seja proprietário dos imóveis:

Depoimentos de moradores
Apreensão de documentos e mídia na comunidade
A equipe de reportagem ouviu dez moradores da Muzema. Pedindo anonimato por medo de represálias, todos afirmaram que Zé do Rolo é o proprietário dos prédios.

Outro indício é a operação Intocáveis, realizada em janeiro deste ano pelo Ministério Público estadual do Rio de Janeiro.

Documentos e mídias apreendidas na ocasião apontam José Bezerra de Lira, o Zé do Rolo, como principal suspeito de ser o dono dos prédios que caíram na Muzema.

Zé do Rolo não foi encontrado pela reportagem para falar sobre o caso.

Na sexta-feira (16), data do acidente, foi o último dia em que há registro de que Zé do Rolo usou o aplicativo de mensagens do telefone celular.

Por G1 Rio de Janeiro

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