O presidente do Athletico, Mario Celso Petraglia, publicou uma carta divulgada pelo clube para falar da polêmica declaração sobre o momento de outros times brasileiros. Em entrevista coletiva, na segunda-feira, o dirigente disse, entre outros pontos, que “o Athletico passou o Santos de trator”.
Na segunda-feira, durante a apresentação de Fernandinho, Petraglia não gostou de uma pergunta feita ao jogador sobre os motivos de ter fechado com o Furacão, mesmo tendo recebido ofertas de outros times. O dirigente se incomodou com o termo “grandes clubes” usado na pergunta, citando o Santos.
Na carta, Petraglia defendeu o próprio posicionamento e disse que a declaração foi “motivada por uma pergunta infeliz”. Ele também respondeu a uma publicação feita pelo comentarista Paulo Vinícius Coelho no Blog do PVC, aqui no ge, com o título de “Mentiras sinceras me interessam x tradição não se compra em farmácia. Onde encaixar a explosão de Petraglia?”.
– Uma delas, inspirada em versos de Cazuza, fala sobre “mentiras sinceras”. Também me inspiro nos versos do poeta para dar mais uma contribuição ao debate sobre a realidade do nosso futebol. “Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades” – escreveu.
– A tentativa de repetir o passado faz muitos ficarem presos aos seus museus, estátuas, heróis, galerias de troféus e histórias contadas de forma épica em livros e lendas. Essa “propriedade” é passada de dirigente para dirigente, que tentam reafirmar suas tradições sem um projeto, sem um plano que se adapte ao hoje, esquecendo que já no dia seguinte a uma conquista, a busca recomeça – continuou Petraglia.
O presidente do Athletico considerou ainda que “o que disse foi interpretado como desrespeito, como se eu tivesse o poder de apagar a história da cabeça das pessoas”. Ele completa dizendo que “ao invés disso, acredito que é possível construir uma nova história a cada dia”.
– Neste caso, penso que, mais do que um insulto, foi uma contribuição. Que se discuta o futuro, que as verdades inconvenientes sejam ditas, que cada um retire os ratos de suas piscinas. Que tenhamos a capacidade de nos unir pelo bem do futebol como um todo, que está tomado por violência, clubismo e sectarismo. Que as disputas sejam só nos campos e que todos tenham voz. Enfim, que pensemos no futuro por um futebol brasileiro forte – destacou.
Por fim, Petraglia fala sobre o Santos, destaca que ele mesmo “também um dia sairá de cena, pois a única verdade certa é que um dia não estaremos mais aqui” e encerra colocando que o Athletico está construindo “uma história muito bonita e vitoriosa, mas desenhando o futuro ao mesmo tempo, o que dá muito mais trabalho”.
Veja a carta na íntegra:
Palavra do Presidente: O Tempo Não Para
Tudo muda. Tudo passa. Tudo se renova. Não há como ir contra a verdade inexorável da vida, embora seja da natureza humana a busca pela manutenção e pela permanência, mesmo que os fatos não sustentem mais tudo o que se foi no passado. Tenho consciência disso. E me expresso a partir dessa percepção.
Acredito que seja por isso que uma declaração minha sobre a nova realidade do nosso futebol, motivada por uma pergunta infeliz, tenha causado tanta repercussão, matérias e colunas nos meios de comunicação. Uma delas, inspirada em versos de Cazuza, fala sobre “mentiras sinceras”. Também me inspiro nos versos do poeta para dar mais uma contribuição ao debate sobre a realidade do nosso futebol.
“Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades”.
A tentativa de repetir o passado faz muitos ficarem presos aos seus museus, estátuas, heróis, galerias de troféus e histórias contadas de forma épica em livros e lendas. Essa “propriedade” é passada de dirigente para dirigente, que tentam reafirmar suas tradições sem um projeto, sem um plano que se adapte ao hoje, esquecendo que já no dia seguinte a uma conquista, a busca recomeça.