Marcelo Crivella (Republicanos), Pedro Fernandes (PL) e Julio Lopes (PP): alvos de investigações, eles têm planos de voltar às urnas Foto: Montagem com fotos de Leo Martins e Givaldo Barbosa/Agência O Globo
Bernardo Mello
O GLOBO
RIO – Políticos que são alvos de investigações e que chegaram a ser presos articulam um retorno às urnas em 2022, em meio a decisões judiciais que mitigaram impactos da Lava-Jato. A lista inclui nomes que entraram na mira do braço fluminense da operação, como o ex-deputado federal Julio Lopes (PP), alvo de buscas em dezembro, e outros investigados pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ), como o ex-prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) e o ex-deputado estadual Pedro Fernandes (PL), alvos de mandados de prisão no ano passado em casos distintos.
Já o ex-governador Anthony Garotinho (sem partido) e o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB), que também foram presos mas encontram-se atualmente em liberdade, estão inelegíveis e articulam candidaturas de familiares à Câmara dos Deputados.
Garotinho foi preso quatro vezes, sendo duas em 2017 e a última em 2019. Cunha foi preso preventivamente em 2016 pela Lava-Jato e, beneficiado por decisões judiciais, foi posto em liberdade em maio. Por ter sido cassado, ele só pode disputar eleições novamente em 2027 — a Lei da Ficha Limpa prevê nesse caso inelegibilidade por oito anos a partir de janeiro de 2019, quando se encerraria o mandato —, mas tem dito que voltará à política e prepara lançar a filha, Danielle Cunha, a deputada federal.
Aliados de Castro
Já Fernandes ficou preso em Bangu 8 por um mês após o MP do Rio apontar, em setembro, supostas fraudes em contratos da Fundação Leão XIII, vinculada ao governo do Rio — à época, ele era secretário estadual de Educação. Ao ser solto, ele disse que deixaria a política. Em abril deste ano, contudo, filiou-se ao PL, mesmo partido do governador Cláudio Castro, e pode concorrer à Câmara.
Na tentativa de montar um grupo político, Castro se aproximou também do ex-deputado Indio da Costa (sem partido), que passou uma semana preso em Bangu, no fim de 2019, após uma operação da Polícia Federal contra supostas irregularidades em nomeações nos Correios. O inquérito corre sob sigilo, e Indio nega as acusações. A interlocutores, ele tem dito que não pretende se candidatar enquanto o caso não for arquivado, e que conversa informalmente com Castro sobre gestão pública.
No caso de Garotinho, condenado em março pela Justiça Eleitoral a 13 anos de prisão por compra de votos nas eleições de 2016, há expectativa de um recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um agravo de instrumento da defesa de Garotinho começou a ser julgado no último dia 7, com voto contrário do relator Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, mas o ministro Alexandre de Moraes pediu vistas. Por ora, o ex-governador está inelegível até 2029 devido a esta condenação. Ele também recorre de outras duas sentenças em segunda instância, ambas de 2018, por improbidade e formação de quadrilha, que lhe deixam inelegível por oito anos contados a partir da condenação.
Rosinha foi condenada por abuso de poder quando era prefeita de Campos dos Goytacazes, município do Norte Fluminense, em 2012. O prazo de oito anos de inelegibilidade correu até 2020. Hoje, um dos filhos do casal, Wladimir Garotinho (PSD), é prefeito de Campos.