Rio Paraguai continua “seco”, mas transporte de minérios é retomado.

Rio Paraguai está 3,3 metros abaixo do nível em que se encontrava em julho do ano passado, época em que foi feita a imagem – Foto CE.

Apesar da lenta açta do nível do Rio Paraguai, que desde o começo do ano subiu apenas 59 centímetros e neste sábado amanheceu com 90 centímetros na régua de Ladário, as empresas de  transporte retomaram os embarques de minério em Corumbá e Ladário, o que deve reduzir o fluxo de caminhões e trazer um certo alívio para as rodovias, principalmente para a BR-262,  única via asfaltada que liga a região da fronteira com a Bolívia ao restante do Estado.

Por causa da falta de água, os comboios começaram a descer o Rio Paraguai com apenas 70% da capacidade, conforme Luiz Dresch, gerente da Granel Química, empresa que no ano passado transportou quase 2,3 milhões de toneladas de minérios a partir do porto de Ladário. Somando com as demais empresas, foram seis milhões de toneladas ao longo de 2023. Isso equivale a cerca de 100 mil carretas a menos nas rodovias.

Se pudesse operar com 100% da capacidade, cada comboio com 12 barcaças desceria o rio rumo aos portos da região de Buenos Aires com 36 mil toneladas (cerca de 600 carretas). Mas, por causa da falta de água, estão levando apenas 25 mil toneladas (equivalente a 415 carretas).

Tanto em 2023 quanto em 2024 o ano começou com o Rio Paraguai na casa dos 30 centímetros na régua de Ladário. A diferença é que no dia 18 de janeiro do ano passado o nível já estava em um metro. Neste ano, porém, está subindo menos de um centímetro por dia e a previsão é de que o pico não ultrapasse 1,5 metro, no final de maio.

Normalmente os embarques de minério são feitos somente quando o nível do rio está acima de um metro em Ladário, o que não ocorre desde novembro do ano passado. Mas por conta da escassez de chuvas, principalmente em Mato Grosso, as empresas se viram obrigadas a retomar a navegação com menos água, ainda mais levando em consideração a previsão de que a partir de junho o nível já volte a cair e possivelmente a partir de final de julho já não haja água suficiente para manter o transporte.

Em 2024, quando o pico do Rio Paraguai chegou a 4,24 metros, os embarques ocorreram entre janeiro e novembro. A previsão de que o nível máximo deste ano não passe de 1,5 metro é do Ministério das Minas e Energia, que fez a estimativa com base no volume de chuvas e no nível dos rios da bacia pantaneira, que estão todos muito abaixo da média histórica.

De setembro do ano passado até o final de fevereiro deste ano, foram apenas 450 milímetros de chuva na bacia pantaneira. E, a não ser que volte a chover dentro da normalidade histórica (380 mm) até o fim de agosto, o volume ficará muito próximo daquilo que ocorreu em 2021, quando foram apenas 730 milímetros ao longo de todo o ano hidrológico, sendo que a média histórica é de 1.080 milímetros.

Nesta época do ano, a média histórica é que em Ladário o nível estivesse em 2,35 metros, conforme boletim divulgado na última quinta-feira (7). Em Cáceres (MT) o Rio Paraguai estava com apenas 1,95 metro na quinta-feira, sendo que, em média, nesta época do ano está em 4,53 metros. Desde meados de fevereiro o rio em Cáceres está no mais baixo nível desde o início das medições, há 124 anos.

Esse mesmo boletim prevê que em Porto Murtinho ele também atinja o pior nível para esta época do ano desde 1900, já que os rios Miranda e Aquidauana, alguns dos principais afluentes, também não encheram nenhuma vez desde o início da temporada das chuvas, em setembro do ano passado.  Em Miranda, o normal para o rio nesta época seria de 4,28 metros, mas nesta semana estava com apenas 1,53 e descendo quase dez centímetros por dia,

PRIVATIZAÇÃO

E em meio a esse cenário de estiagem histórica, que pode levar o Rio Paraguai ao menor nível em 124 anos, superando a marca de 61 centímetros abaixo de zero na régua de Ladário registrada em 1964, a Agência Nacional de Transporques Aquaviários (Antaq) espera concluir até o fim de março os estudos sobre a viabilidade econômica da “privatização” da hidrovia, o que automaticamente resultará na cobrança de pedágio.

Mas apesar desta previsão de taxação, as empresas são favoráveis à concessão, segundo Luiz Dresch. Ele acredita que haverá uma modernização da hidrovia. Porém, faz questão de enfatizar que esta modernização deve ser feita com o seguinte mantra: “adaptar as embarcações à hidrovia, e não o contrário”.

Conforme a assessoria de comunicação da Antaq, já está praticamente certo que inicialmente a concessão e cobrança de pedágio deve acontecer entre Ladário e a foz do Rio Apa, em Porto Murtinho. Somente numa segunda fase acontecerá à concessão dos 680 quilômetros entre Ladário e Cáceres, trecho no qual praticamente não existe transporte de cargas hoje e onde teriam de ser feitas intervenções e dragagens mais radicais.

Ainda de acordo com a assessoria da Antaq, o pedágio será cobrado somente sobre o transporte de cargas, deixando livre o tráfego de embarcações menores e dos chamados hotéis flutuantes, que fazem pequenos cruzeiros com turistas da pesca pelo Rio Paraguai.

 

Fonte CE.

Redação Gdsnews.

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