Suspeito de participar de assaltos em Araçatuba diz que estava em Ponta Porã para cirurgia plástica da esposa

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Preso em Ponta Porã (MS), no ultimo domingo (4), Anderson Meneses de Paula, o “Tuca”, disse durante audiência de custódia que estava na cidade fronteiriça há menos de um mês, junto com a esposa, Francisca Kelly, que também foi capturada. Ambos foram presos em ação conjunta entre a Polícia Federal e a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai.

“Tuca” é apontado como um dos cabeças na região do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa à qual é atribuída a organização de assalto cinematográfico ocorrido em agosto na cidade de Araçatuba, no interior de São Paulo. A reportagem do g1 apurou que “Tuca” é um dos investigados pelo crime cinematográfico, informação confirmada pela Senad Paraguaia. A Polícia Federal disse que não se manifesta sobre investigações em curso.

Ao juiz Fabio Fischer, responsável pela audiência de custódia, o casal disse estar em Ponta Porã para que Francisca Kelly passasse por cirurgia plástica de lipoaspiração. Os dois deram essa versão. Disseram ter alugado casa na cidade para esperar pelo procedimento, que “custaria bem menos do que em São Paulo”.

Segundo “Tuca”, no estado de origem uma cirurgia do tipo custaria R$ 30 mil e em Ponta Porã pagariam R$ 13 mil. O casal entrou em contradição quando indagado sobre o carro usado pelo homem. A mulher disse que é um veículo financiado. Já ele disse ter alugado na agência pertencente a um conhecido.

Francisca fez silêncio quando o procurador pediu a ela que dissesse o apelido do marido. Depois, optou por não responder. Ele confirmou que é chamado de “Tuca”, admitiu já ter sido preso e atribuiu sua vinda para a região fronteiriça ao Paraguai à necessidade de acompanhar a esposa no tratamento estético cirúrgico.

Os dois não têm trabalho fixo, o que foi salientado pela promotoria. A esse respeito, disseram estar vivendo de economias feitas, ela com uma loja on-line de roupas, ele com o trabalho de pintura de obras.

Ao analisar a prisão, o juiz entendeu que não houve irregularidades e decidiu manter os dois encarcerados. A autoridade do Judiciário solicitou vaga no presídio federal de Campo Grande para Anderson e no sistema estadual para a mulher, além da escolta pelo Comando de Operações Especiais (COT) da PF, que participou da prisão no domingo.

A defesa do casal manifestou-se pela concessão de liberdade, alegando que eles têm endereço fixo, mas o magistrado não aceitou essa argumentação.

“Tuca” e Francisca tinham prisão temporária decretada como parte da investigação da Polícia Federal. Foram pegos, numa casa que, de acordo com as apurações policiais, citadas pelo juiz na audiência, era uma espécie de QG do PCC em Ponta Porã.

Os donos da casa e mais duas pessoas foram presos também.

Para a ofensiva, inicialmente marcada para sábado, e depois adiada para domingo, foram destacados no Brasil policiais federais locais, de outras regiões, entre eles integrantes de dois grupos de elite da PF, o Comando de Operações Táticas (COT) e do Grupo de Pronta Intervenção (GPI).

Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão e quatro de prisão no País, além de três mandados de busca no Paraguai, um deles numa casa que também era usada pela facção, e onde pessoas foram filmadas usando armamento pesado a luz do dia.

O crime chamado por policiais de “novo cangaço” faz referência o histórico bando de Lampião, que levava o medo a cidades do sertão nordestino em meados dos anos de 1930.

Os ataques do “novo cangaço” se baseiam em ações com grupos criminosos que costumam atacar cidades pequenas.

As ações são violentas. Os bandidos usam armas de grosso calibre (em sua maioria fuzis, submetralhadoras e pistolas), coletes balísticos e grande quantidade de munições e explosivos.

Geralmente, segundo o especialista, os suspeitos que contribuem com as quadrilhas que atacam bancos são: traficantes de armas, policiais corruptos e funcionários das empresas que passam ou vendem as cargas para os criminosos.