Amazônia perde 2 mil campos de futebol por dia em 2022

0

Apenas nos cinco primeiros meses de 2022, a Amazônia Legal registrou recorde de desmatamento e em 151 dias derrubou 3.360 km² de floresta, conforme aponta levantamento do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), divulgado na última sexta-feira (17). A área desmatada é a maior em 15 anos e os municípios mais afetados são, respectivamente, Apuí (AM), Altamira (PA), Lábrea (AM), Novo Progresso (PA) e Novo Aripuanã (AM).

Com 1.476 km² de floresta desmatada, o último mês de maio também foi o pior maio já registrado desde 2008, ano em que o Imazon passou a monitorar a Amazônia. O estado do Amazonas é o que teve a maior área desmatada, e corresponde a 38% do desmatamento total registrado em maio.

O coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, Carlos Souza Jr., alerta para novos recordes nos próximos meses fato a ser intensificado por causa da seca e das eleições, conforme nota divulgada pela instituição. Segundo o pesquisador, em ano eleitoral as fiscalizações tendem a diminuir e, portanto, há aumento da devastação.

Em relação à área degradada em maio, o estado de Mato Grosso corresponde a 94% de todo valor registrado.

Os dados foram levantados pelo SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), baseado em imagens de satélites, que oferece análises mensais sobre o ritmo da degradação e desmatamento na Amazônia.

O SAD considera degradação florestal quando há dano decorrente de exploração madeireira ou fogo. Já o desmatamento é analisado quando ocorre corte raso da floresta, sendo as principais causas a pecuária, agricultura e garimpo.

Terras indígenas invadidas
A terra indígena mais desmatada em maio foi a Apyterewa, localizada no Pará. De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), a região é de potencial conflito por causa da invasão de fazendeiros e gado que ameaçam indígenas. A T.I. Apyterewa foi homologada em 2007 e, desde então, a única possibilidade de atividade econômica na área precisa ser autorizada e conduzida pelos indígenas.

Ainda de acordo com o MPF, há 12 anos uma sentença judicial, que obriga o governo federal a retirar invasores e ocupantes não indígenas da TI Apyterewa, segue sem ser cumprida. Sem haver a retirada de invasores, a área permanece sendo palco de conflitos inclusive contra agentes do Estado.

Entre novembro e dezembro de 2020, um grupo de 50 a 70 pessoas cercou uma base da Funai na TI Apyterewa e atacou agentes federais que realizavam fiscalização ambiental na região. Os invasores colocaram pregos em pontes, atiraram com armas de fogo rojões e fogos de artifício contra fiscais e cercaram carros e motocicletas. O objetivo era impedir que a fiscalização prosseguisse, afirma o MPF.

FONTE: G1