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Academia Militar das Agulhas Negras tem mais de 240 casos de Covid-19 entre os 1,8 mil alunos

Em maio, Escola da Aeronáutica em Barbacena registrou surto da doença, com 204 alunos que testaram positivo.

Dados registrados até 20 de junho foram obtidos via Lei de Acesso. Número de casos na ‘forja de líderes’ da Aman era equivalente à metade de todos os registros em Resende, onde fica a academia do Exército. Em maio, Escola da Aeronáutica em Barbacena registrou surto da doença, com 204 alunos que testaram positivo.

Com 1.784 aspirantes a oficiais nas fileiras, até 20 de junho a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) – onde são formados os oficiais de carreira do Exército – registrou 242 casos confirmados de Covid-19.

Academia Militar das Agulhas Negras  — Foto: Banco de imagens da Academia Militar das Agulhas Negras

Escola da Aeronáutica que teve surto de Covid-19 em maio registra mais nove casos da doença em Barbacena

Isso significa que, na época, 13% do total de militares que cursavam a instituição de ensino superior em Resende, no Sul do Rio de Janeiro, também conhecida como “forja de líderes”, foram infectados pelo novo coronavírus.

Mas esse não foi o único caso. Em maio, a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar), em Barbacena, registrou um surto da doença, com 204 alunos que testaram positivo. Em julho, outros 9 casos foram diagnosticados na instituição.

Questionado pelo G1 via Lei de Acesso à Informação (LAI) em junho, o Exército apresentou uma tabela com dados de diretorias ligadas ao ensino militar detalhando os casos de Covid na Aman e em outras instituições da força.

Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, Sul do RJ — Foto: Banco de imagens da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN)

Na academia e em outras 40 unidades de ensino do Exército, a relação demonstra que não houve nenhuma morte ligada à pandemia. Sobre a Aman, o documento registra que todos os 242 militares se recuperaram da doença e também que todos foram testados para Covid.

Numa resposta à parte, a força informou que o Instituto Militar de Engenharia (IME), que fica na Praia Vermelha, no Rio, registrou oito casos de Covid-19 e nenhuma morte. Além disso, todos os infectados já haviam se recuperado.

Também foi dito que o IME fez 196 testes para Covid-19 e tem matriculados 866 alunos, entre civis e militares.

Infectados na Aman X casos em Resende

Tendo os dados do Exército como parâmetro, o total de 242 militares da Aman atingidos pela Covid-19, até 20 de junho, representava quase a metade de todos os 489 casos de coronavírus em Resende. Mas há divergência nos números.

Na tabela em que informou o número de casos na Aman, o Exército disse ter registrado, até 20 de junho, 30 casos de infecção na academia e 242 militares recuperados. Depois de apresentado recurso pedindo que a força esclarecesse como era possível o número de contaminados ser menor que o de recuperados, o Exército corrigiu o dado afirmando que deveriam ser consideradas as 242 infecções por Covid-19.

“Sobre a alegação de divergência nos dados apresentados acerca do número de instruídos infectados (confirmados) na AMAN, retificamos a informação prestada inicialmente: onde se lê 30, leia-se 242.”, respondeu o Exército em recurso assinado pelo coronel Fernando Costa Adam, assistente da 2ª Subchefia do Estado Maior do Exército (EME).

Sobre a divergência nos dados, a comunicação do Exército, em Brasília, disse em nota desconhecer os números apresentados pela reportagem e acrescentou que as informações sobre infectados por Covid-19 na Forças são passadas à imprensa pelo Ministério da Defesa.

Divergência permanece

O desalinhamento entre os dados contabilizados pela Prefeitura de Resende e os informados ao G1 pelo Exército persistia até quinta-feira (23). Enquanto a correção do Exército indicava 242 infecções, o município registrava um total de 59 casos na Aman.

Antes disso, a equipe de reportagem já havia questionado a prefeitura, no início de julho, sobre como ocorriam as notificação de casos de coronavírus na cidade, inclusive os identificados na Aman.

Foi explicado pela prefeitura que as comunicações sobre casos de Covid-19 pela Aman ao Município de Resende ocorrem via ficha de notificação compulsória, o que é previsto em lei federal. Um especialista consultado confirmou ser esse o protocolo. O município também respondeu que Resende tinha, até 8 de julho, 566 casos de Covid-19 confirmados, 40 deles na Aman. Ou seja, apenas 16% do total de 242 infecções informadas pelo Exército.

Em novo retorno da prefeitura à reportagem, na sexta-feira (24), foi detalhado que as unidades de saúde, incluindo o Hospital Militar da Aman, informam sobre os casos suspeitos ou confirmados ao Serviço de Epidemiologia do município – responsável pelo controle e acompanhamento dos casos.

O município também informou que casos atendidos na Aman são acompanhados e internados no próprio hospital da academia. Até esta sexta, a prefeitura informou não ter sido notificada sobre internação de paciente em estado grave na unidade de saúde militar.

Em relação à diferença entre os dados obtidos pelo G1 e os computados pelo município, a Prefeitura de Resende afirmou não ter recebido nenhuma documentação do Exército relatando os 242 casos na academia.

Aman e Bolsonaro

Foi na Aman que, em dezembro 1977, o presidente Jair Bolsonaro concluiu o curso de formação de oficiais. Na bicentenária instituição, Bolsonaro foi o cadete número 531, conforme conta o jornalista Luiz Maklouf Carvalho no livro “O cadete e o capitão: A vida de Jair Bolsonaro no quartel”.

De cadete a presidente: conheça a trajetória de Jair Bolsonaro na Aman

Em novembro do ano passado, o presidente participou da formatura dos aspirantes a oficiais na Aman. Na cerimônia, 425 cadetes receberam a espada de oficial do Exército Brasileiro. A solenidade marca a conclusão de quatro anos de estudos na academia.

Além do presidente, foram à cerimônia o vice-presidente, Hamilton Mourão, e a primeira-dama, Michele Bolsonaro. Foi à primeira cerimônia de formatura dos cadetes com Bolsonaro no cargo de presidente.

Fonte G1.

Redação TVgdsnews.

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