Em “Amor de mãe“, Dora Freind interpreta Loyane, uma jovem mãe que se esforça para criar um bebê e continuar os estudos numa escola pública. O tema seria distante da vida da atriz que a interpreta, não fosse seu interesse por trabalhos sociais desde os 14 anos. Logo cedo, Dora, hoje com 21, quis conhecer realidades diferentes da sua e foi emancipada aos 15 para trabalhar como voluntária.
– Foi o interesse em conhecer outros mundos que me fez buscar o teatro e os voluntariados. Lembro que ia aos hospitais perguntando como poderia fazer algo, mas me disseram que não poderia participar porque tinha só 15 anos. Então, eu conversei com meus pais e eles me emanciparam. Também dei aula num projeto social da Rocinha (comunidade do Rio de Janeiro) e conheci garotas que eram mães e queriam continuar a estudar, trabalhar. Me ajudou muito neste papel.
Dora, que não tem certeza se será mãe no futuro, relata suas impressões sobre o drama da novela.
– Existe uma romantização na nossa sociedade. É frequente verem a figura da mãe como sinônimo de plenitude para a mulher, como se isso fosse uma bênção. Na adolescência, isso não existe se a menina não tem condições financeiras nem emocionais. É dificuldade atrás de dificuldade. Acredito que, por meio da novela, é possível que as pessoas percebam os obstáculos de lidar com isso. A presença da Loyane na sala de aula é um ato de resistência.
Esta não é a primeira vez que Dora é escalada para um papel que gere identificação nas mulheres. No início do ano, ela viveu a Bárbara de “Malhação”, que falava sobre aceitação do corpo fora dos padrões. Em suas redes sociais, a atriz sustenta esse posicionamento: já foi modelo de moda praia da marca de uma amiga e incentiva quem esteja com dificuldade de se aceitar:
– Tenho muito conforto com meu próprio corpo para modelar, me sinto à vontade, embora ultimamente eu tenha ficado mais atrás das lentes, fotografando, porque é uma das paixões da minha vida. Mas fui estimulada a me amar muito, pelos meus pais, meus professores… Tive uma criação muito livre.
Dora faz parte de uma geração de apoio à diversidade e de luta contra preconceitos. Por isso, é comum encontrar nos comentários de suas fotos garotos e garotas rasgando elogios e cantadas. Ela se diverte com o assunto:
– A gente está num momento em que as coisas são mais abertas. Esse interesse não por gêneros, e sim por pessoas é natural. Eu tenho isso aberto em mim: são pessoas que me despertam os sentimentos. Mas estou solteira e bem feliz.
Fonte: Patricia Kogut