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Em momento mais difícil de Bolsonaro, só uma parte da base em Mato Grosso do Sul o defende

Em novo desdobramento, advogado de Cid desmente veículos de imprensa que delação terá relação com as jóias

Os últimos desdobramentos do caso de desvio e comercialização de presentes milionários recebidos pelo ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) podem ser considerados os mais complicados para o ex-mandatário do País, em razão de uma publicação feita pela Veja e replicada pelos jornais Estadão e O Globo.

Por isso, a reportagem procurou bolsonaristas de Mato Grosso do Sul com mandatos eletivos, tanto na Assembleia Legislativa quanto no Congresso Nacional, para que comentassem a situação, porém, só uma parte deles falou com a reportagem sobre a questão, enquanto os demais não retornaram até o fechamento da edição.

Para quem não sabe dos fatos, a revista Veja informou na noite de quinta-feira que o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, preso desde maio em Brasília (DF), decidiu que faria uma confissão e apontaria Bolsonaro como mandante do esquema milionário, porém, nesta sexta-feira, o advogado Cezar Bitencourt, que defende o militar e foi a fonte da matéria, recuou e afirmou não ter falado sobre as transações envolvendo as joias recebidas pelo ex-presidente de delegações estrangeiras.

Ele disse que a possível confissão de Cid será relacionada ao relógio Rolex, e não às joias, negando ter dito à revista que a venda do Rolex foi feita a mando de Bolsonaro. O advogado disse que Cid era apenas o “ajudante de ordens” e “cumpria ordens”.

“Não disse que foi a mando do Bolsonaro. Eu também não disse que [Cid] estava entregando, dedurando Bolsonaro. Apenas [disse] que [Cid] era um assessor e que cumpriu ordens”, afirmou.

Em seguida, contudo, deu novamente a entender que Bolsonaro teria ordenado a venda do relógio, dizendo que ele teria mandado Cid “resolver o problema do Rolex” e que o dinheiro em espécie foi, provavelmente, entregue para o ex-presidente ou para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

“Para bom entendedor, meia palavra basta. E o Cid foi atrás, tentou vender. As condições não eram boas, embora tenha conseguido. Depois foi problema, foi atrás do Rolex, buscar esse Rolex”, acrescentou.

REPERCUSSÃO

Para o deputado federal Marcos Pollon (PL), que é o presidente do partido do ex-presidente em Mato Grosso do Sul, o caso das joias não tem sequer imputação de crime. “Não tem fato, é matéria falsa, isso aí é para vender revista. Não tem nem atribuição de fato da tentativa de venda de bem. Pelo amor de Deus”, ressaltou.

O parlamentar sul-mato-grossense acrescentou que essa prática é comum aos integrantes do Foro de São Paulo – organização constituída em 1990 a partir de um convite do PT às legendas de esquerda da América Latina e do Caribe para debater a conjuntura internacional após a queda do Muro de Berlim, na Alemanha, e a implantação de políticas neoliberais pelos governos da região.

“Eles gostam de inventar crimes para prender opositores. Não pararão enquanto não efetuarem a prisão do presidente Bolsonaro. Este é apenas mais um propagador de uma dessas narrativas”, garantiu Marcos Pollon.

Já o deputado estadual Coronel David (PL) completou que se nota uma busca incessante e deliberada em se colocar culpa no ex-presidente Jair Bolsonaro em diferentes situações.

“Sempre fui legalista. Qual a legislação que está sendo usada no caso das joias? Ou só estão usando deliberação do TCU [Tribunal de Contas da União], que já recebeu críticas acentuadas do mundo jurídico?”, questionou.

Ele ainda acrescentou que vê também, no caso do hacker Walter Delgatti – que prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro e disse que receberia indulto (perdão presidencial) de Bolsonaro caso fosse preso ou condenado por invadir as urnas eletrônicas –, a intenção forçosa em dar uma credibilidade exagerada a uma pessoa que já tinha, em outras situações, um comportamento errôneo e mentiroso.

“É uma pessoa sem credibilidade. Enfim, há um esquadrão de pessoas e órgãos com a intenção de desmoralizar publicamente o presidente Bolsonaro a fim de enfraquecê-lo politicamente. Tudo tem método”, reforçou Coronel David.

O deputado estadual João Henrique Catan (PL) questionou o porquê de o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ter apagado a foto em que aparecia usando um relógio da marca Piaget, avaliado em quase US$ 100 mil.

“Quem deu isso para ele? O Bolsonaro usa relógio de plástico, nem combina isso com ele, e não vejo problema ele não querer ficar com o relógio ou vender para pagar a conta do ativismo judicial que recai sobre ele”, declarou o parlamentar.

Quanto a Cid estar preso, conforme João Henrique Catan, é importante lembrar que o “André do Rap e outros muitos traficantes estão soltos por habeas corpus questionáveis dados pelo STF [Supremo Tribunal Federal], e ao tenente-coronel só restou contratar um advogado que realize o desejo da Corte, que é destruir o militarismo”.

“Militar não delata, militar não entrega, muito menos entrega uma versão forjada e no desespero. Foi esse próprio advogado que chamou patriotas que se manifestavam nas ruas de asseclas do Bolsonaro, em claro gesto de apoio aos Poderes que receberam críticas da população”, recordou.

De acordo com o deputado estadual Neno Razuk (PL), há uma perseguição em curso contra Jair Bolsonaro. “Penso que existe algo oculto e maior. Acredito que todas essas denúncias são para enfraquecer e tirar a chance de uma possível volta do presidente, pois o governo atual não mostra competência para se manter”, afirmou.

Na visão do deputado estadual Rafael Tavares (PRTB), há uma clara perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro. “De acordo com a Portaria nº 124, de novembro de 2021, joias ou semijoias são presentes pessoais”, reforçou, lembrando que essa portaria revogou o que constava na Portaria nº 59, de 8 de novembro de 2018.

“Existe uma perseguição contra Jair Bolsonaro e contra toda a direita no Brasil. Soltaram um bandido [Lula] para ser presidente e querem colocar o honesto [Bolsonaro] na prisão. Essa é a democracia relativa do PT”, criticou o parlamentar sul-mato-grossense.

Os senadores Nelsinho Trad (PSD) e Tereza Cristina (PP) e os deputados federais Dr. Luiz Ovando (PP) e Rodolfo Nogueira (PL) foram procurados, mas não comentaram a situação do ex-presidente até o fechamento desta edição. O espaço continua aberto, caso eles resolvam se pronunciar.

 

Fonte CE.

Redação Gdsnews.

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