Julgamento de “Maranhão” acontece mais de um ano após morte de Danilo.

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Foto Montagem/Reprodução

Desde 08h desta quarta-feira (20) acontece, na 2ª vara do Tribunal do Juri em Campo Grande, o julgamento de Railson de Melo Ponte (conhecido como “Maranhão”), réu pelo homicídio do pesquisador Danilo Cezar de Jesus Santos, assassinado a pedradas aos 29 anos, em 05 de março de 2023.

Ainda no período da manhã, a primeira depoente na condição de declarante foi à mãe de Danilo, que descreveu o filho como alguém “amoroso e prestativo”, que inclusive auxiliava nos cuidados com a avó acamada.

Além dela, o delegado responsável pelas investigações à época, José Roberto de Oliveira Júnior, falou a respeito dos trabalhos investigativos e sobre as condutas de Railson, preso no mesmo dia em que o corpo de Danilo foi localizado.

Importante apontar que, ainda na fase de inquérito, Railson confessou aos policiais que matou o pesquisador, porém, na manhã de hoje, negou ser responsável pelo crime e disse ter sido obrigado pelos agentes a inventar uma versão para o caso.

Foram apresentadas pela defesa do réu fotos de Danilo e cenas do crime, o que comoveu muitos dos presentes, com alguns dos amigos deixando a sala aos prantos nesse momento.

Importante apontar que até o fim da tarde desta quarta (20) deve sair o resultado desse julgamento, com a decisão pela condenação ou absovimento de Railson.

Relembre o crime

Ainda na data dos fatos, a principal linha de investigação adotada pela polícia era justamente o “crime de ódio”, homofobia, uma vez que Danilo – como bem ressaltou a mãe na manhã de hoje (20) – não tinha o costume de sair sem avisar ou passar dias longe de casa.

Ele chegou a ser considerado como desaparecido por cerca de três dias, com uma verdadeira força tarefa montada por amigos e família, que inclusive auxiliaram nas investigações com a obtenção de imagens apuradas posteriormente pela Polícia Civil.

Pesquisador formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Danilo era mestrando e bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

 

Tendo alcançado inclusive bolsa pelo Programa de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PIBIC/CNPQ), tinha compromisso intelectual com a colaboração em grupos de pesquisa, como no Laboratório de Antropologia Visual Alma do Brasil (LAVALMA) e o Grupo de Estudos Fronteiriços (GEF), ambos da UFMS.

Sociedade

Importante lembrar que o assassinato de Danilo foi lembrando, em nota de pesar apresentada à época na Câmara dos Vereadores, iniciativa que partiu do vereador Beto Avelar (PSD) e foi aprovada em plenário.

Relembre a moção na íntegra.

“Moção de pesar aos familiares de Danilo César de Jesus Santos, o sempre doce e alegre Dan, como era mais conhecido, que com apenas 29 anos veio a falecer tragicamente, deixando destruídos e inconsoláveis.

Danilo era graduado em Ciências Sociais e cursava mestrado. Fazia parte do laboratório de antropologia visual Alma do Brasil e do grupo de estudos fronteiriços da UFMS. Sempre educado, doce, crítico ao cenário social e político.

Dan era LGBTQIA+, o qual combatia o preconceito e edificava a ciência, que perde então uma voz que contribuiria significativamente para a nossa sociedade.

Ele parte deixando a sua mãe, dona Maria Lúcia, e a todos nós muitas lições de amor, inclusão e coletividade, fica seu legado de uma linda luta por uma sociedade melhor, além da admiração e saudade por todos que o conheceram.

O Dan, vamos chamar de Dan carinhosamente, como até, inclusive meu filho que também é homossexual e convivia com ele”.

 

Fonte CE.

Redação Gdsnews.