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Luiza Valdetaro: “Não abro mão de nada que eu vivi”

Cursando faculdade de Direito, atriz fala sobre maternidade, superação de momentos difíceis, instabilidade no meio artístico e busca por novas áreas

Aos 36 anos de idade, Luiza Valdetaro mostra sua vitalidade cada vez que é fotografada realizando sua rotina de atividades físicas nas praias cariocas. A atriz, que conquistou sua primeira oportunidade na televisão em 2002, é bem resolvida com a decisão de estar afastada da atuação.

Longe das novelas de Joia Rara (Globo, 2013), ela decidiu cursar a faculdade de Direito e também fez um MBA na área de finanças. “Tive personagens muito bons”, diz. “A profissão de atriz faz com que você dependa tanto de alguém escrever, alguém escalar, alguém dirigir… Não é algo em que você consiga chegar na praça e fazer uma cena. Como advogada ou profissional do mercado financeiro, vejo mais possibilidades”, afirma.

De acordo com Luiza, a maturidade faz com que não tenha medo novos rumos. “Tenho muito tempo para fazer o que gosto e tenho capacidade”, diz. “Não troco meus 36 pelos meus 20. Não troco de jeito nenhum. Era mais insegura, tinha mais medos, mais angústias. Tinha menos conhecimento sobre mim mesma”, completa.

Luiza Valdetaro em rotina de treino na Praia do Leblon (Foto: Reprodução/Instagram)
Luiza Valdetaro em rotina de treino na Praia do Leblon (Foto: Reprodução/Instagram)

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Mãe de Maria Luiza, de 14 anos, e Sophia, de 5, ela exalta a boa relação com as meninas. “Depois que a gente vira mãe, a gente melhora muito como ser humano. Você começa a se policiar no que fala e faz”, diz. Namorando o empresário Felipe Abad, ela não pensa em ter mais filhos e diz que eles têm muita sintonia. “Estou com o Felipe há quatro anos. Tive dois casamentos que foram relacionamentos um pouco difíceis, talvez abusivos. Tenho até dificuldade em falar porque acabo expondo o outro. Com o Felipe, é a primeira vez que tenho um relacionamento muito equilibrado. É difícil pensar que existe uma relação assim. A gente não briga.”

Quem: Você tem mantido uma rotina frequente de treinos na praia. Como incorporou a prática de atividades físicas no seu dia a dia?
Luiza Valdetaro: Sempre fiz bastante atividade física. Desde nova, ter uma rotina de exercícios faz parte do meu dia a dia. Eu tinha o hábito de correr entre os 17 aos 28 anos, participei de uma Meia Maratona, mas acho que cansei um pouco de correr, enjoei e busquei novas alternativas. Desde que me mudei para o Leblon, fiz amizade com um pessoal que vem treinar aqui na praia, em frente de casa. Treinamos em grupo, a gente se exercita, conversa… Nao é aquela coisa protocolar de chegar à academia e fazer exercícios. Na minha vida, priorizo as relações e a troca com as pessoas. Fiquei quase seis meses afastada – sedentária, praticamente –, mas, de um mês para cá, estou voltando. Digo até que é injusto (risos). Você malha regradamente por cinco anos, para por seis meses e quando volta é quase como começar do zero.

Vai por prazer ou tem dias que vai arrastada?
Em geral, venho por prazer. Quando não estou com tanta vontade, dou uma forçada e venho. Mesmo que você não esteja com o maior gás, o mínimo de exercício que você faz já é alguma coisa. Assim, você não quebra a rotina. Se você deixa de ir um dia, logo viram dois, três e você deixa de ir.

Luiza Valdetaro durante rotina de treinos na Praia do Leblon (Foto: Daniel Delmiro/AgNews)

Luiza Valdetaro durante rotina de treinos na Praia do Leblon (Foto: Daniel Delmiro/AgNews)

Recentemente, sua filha caçula te acompanhou nos treinos.
Muito! A Sophia está em uma fase que digo que ela é meu chicletinho.

Suas filhas te enxergam como um espelho?
Sim, tanto a Sophia, quanto a Malu. A Malu está com 14 anos e temos uma cumplicidade muito boa. Consigo estender isso, inclusive, aos amigos dela. Lá em casa, tem sempre turma. São uns 10, 15 (risos). É uma loucura, mas é maneira que me mantenho próxima e fico sabendo a linguagem, o que eles estão fazendo, o que eles estão pensando… Depois que a gente vira mãe, a gente melhora muito como ser humano. Você percebe que mais do que você fala é o que você faz. Então, você começa a se policiar no que fala e faz. Não significa que você vá se transformar e deixar de ser você, mas vai buscar ser melhor.

Quais referências gosta de passar às meninas?
Há vários aspectos. Acho importante falar sobre a resiliência. Na vida, nem tudo acontece do jeito que você quer. Humildade e aceitação são fundamentais para a gente ser feliz na vida. Não estou falando que a gente tenha que adotar a postura de “está tudo bem, tudo sempre está bom”, mas tem que saber entender quando os caminhos mudam. Outro dia, a Malu veio me falar que sabia quais seriam os nomes dos três filhos dela e que seriam duas meninas e um menino. Virei e falei: “Filha, legal! Adorei os nomes. Tomara que Deus queira que sejam três filhos – duas meninas e um menino. E se não for, tudo bem”. A gente não manda em tudo. Penso que mesmo quando tudo sai de maneira diferente da que a gente queria, é melhor, é o que deveria, é o ideal. Muitas vezes, pode não acontecer como você queria por livramento. Por exemplo, não consegui alugar tal apartamento. Em vez de “poxa, que pena” abro espaço para “encontrei outro muito melhor”. Os valores que gosto de passar para as minhas filhas são humildade, aceitação e resiliência.

Luiza Valdetaro entre as filhas, Sophia e Maria Luiza (Foto: Reprodução/Instagram)
Luiza Valdetaro entre as filhas, Sophia e Maria Luiza (Foto: Reprodução/Instagram)

É verdade que, depois dos 30, buscou novas graduações, fez MBA em finanças e está estudando Direito?
Tenho me voltado para outras áreas que me interessam há alguns anos. Eu fazia ciclo básico de medicina na UFRJ, aos 17 anos, e Artes Cênicas na UniRio. Na época, fazia alguns comerciais e quis me aperfeiçoar um pouco — aquele lance de virginiana, né? Não tinha dinheiro para fazer o curso da CAL [Casa das Artes de Laranjeiras, tradicional centro de formação de atores no Rio] e busquei a universidade federal. No meio do caminho, fui chamada para um teste para fazer uma novela na TV Globo. Fiz o teste e passei. Decidi trancar a UFRJ e fazer um pé de meia. Na época, para mim, aquele salário era muito dinheiro. Tranquei a faculdade para fazer a novela por dez meses e imaginava que voltaria para a faculdade depois. Fui para fazer uma novela e acabei ficando por 16 anos na emissora. Segui uma profissão que nem era a que havia planejado. Claro que gosto, sempre gostei, tenho o maior prazer e sou super agradecida, mas também gosto de outras áreas. Eu me interesso pelo mercado financeiro, pelo Direito, gosto de ler, escrever…

O que te motivou a voltar a estudar?
Algumas coisas me motivaram. Casei muito nova com uma pessoa mais velha. Quando há a separação, acho que a gente cai na real. Por mais que a gente se torne adulto, a gente continua criança perante direitos, obrigações, leis, constituição… Ninguém sabe nada. A gente fica reivindicando, mas ninguém sabe quem faz o quê, o papel do Senado, a quem devemos exigir. Percebo que a gente é muito alheio. Falo por mim, mas imagino que seja uma situação geral. Decidi que queria entender e deixar de ficar terceirizando e dependendo dos outros para absolutamente tudo. O Direito permeia a vida 24 horas. Há o direito do consumidor, o direito criminal, o direito trabalhista, o direito tributário, o direito da família — eu me separei duas vezes e não foi fácil. Decidi fazer a faculdade porque é um curso de conhecimento para o dia a dia. É altamente útil. Considero um conhecimento fundamental e ninguém tem a menor noção. A faculdade é de cinco anos, 10 semestres. Ingressarei no nono semestre agora. Paralelamente, resolvi fazer um MBA. Há cinco anos, mais ou menos, administro investimentos próprios e é um assunto que me interessa. Gosto de ler o Valor Econômico pela manhã, gosto de estar informada sobre as empresas. Acho que economia e política caminham juntas. Por isso, encarei o MBA e ‘bora’ fazer conta. Acabei de finalizar o MBA. Tive 1 ano e 10 meses de aulas.

Aos 36 anos, Luiza Valdetaro diz que não teve medo de trilhar novas carreiras (Foto: Reprodução/Instagram)
Aos 36 anos, Luiza Valdetaro diz que não teve medo de trilhar novas carreiras (Foto: Reprodução/Instagram)

A carreira artística é conhecida por altos e baixos. Já se decepcionou com o meio ou a carreira sempre te proporcionou realizações?
Tive personagens muito bons. Sou bem feliz com as oportunidades que tive. Obviamente, também tiveram aqueles que imaginei de um jeito e acabou não sendo [como imaginado]. De fato, isso frustra. A gente quer trabalhar e exercer aquilo que sabe fazer. Este momento, em que fui em busca de outras áreas, é um pouco o reflexo… Eu me senti um pouco subutilizada. Claro que gosto de fazer [atuação], mas também vejo que tenho tanta capacidade para fazer outras coisas. A profissão de atriz faz com que você dependa tanto de alguém escrever, alguém escalar, alguém dirigir… Não é algo em que você consiga chegar na praça e fazer uma cena. Como advogada ou profissional do mercado financeiro, vejo mais possibilidades. Há vários escritórios e posso construir, de fato, uma carreira. Acredito que a caminhada foi do jeito que tinha que ser. Sabe aquele papo de resiliência, humildade e aceitação? Então, foi muito bom, faz parte da minha história e sou super agradecida, mas tenho 36 anos e tenho muito tempo para fazer muita coisa que gosto e tenho capacidade.

Já sentiu medo de envelhecer?
Sim. É uma questão que a gente tem que trabalhar na cabeça diariamente. Eu observo pessoas mais velhas e percebo limitações físicas — como uma dor no joelho, uma dor nas costas, a falta de colágeno. Por outro lado, não troco meus 36 pelos meus 20. Não troco de jeito nenhum. Era mais insegura, tinha mais medos, mais angústias. Tinha menos conhecimento sobre mim mesma, sobre o outro. O envelhecimento é uma troca justa se você está atento e esperto na vida. Hoje sou mais feliz e plena. Penso que sou melhor mãe hoje do que fui ontem e serei melhor amanhã. Imagino que aos 70 estarei um milhão de vezes melhor do que agora, com menos angústias, bem-resolvida, mais em paz, sabendo quem eu sou. A troca é justa.

Luiza Valdetaro com a filha caçula, Sophia: Meu chicletinho (Foto: AgNews)
Luiza Valdetaro com a filha caçula, Sophia: Meu chicletinho (Foto: AgNews)

Enxerga benefícios na maturidade, então?
Você perde alguma liberdade externa por conta de eventuais limitações físicas, mas internamente ganhamos uma liberdade que não tem preço. Pode ser uma fantasia da minha cabeça, mas é o que eu vivo até o momento. Vou envelhecendo e vou experimentando uma liberdade interna que jamais experimentei antes. A experiência e o relacionamento com minhas filhas traz essa plenitude que estou. Não abro mão de nada que eu vivi. Não abro mão da leucemia da Malu, não abro mão dos meus casamentos, da separação difícil. Lembro do parto difícil de Sophia em Londres — quase morri.

Sério?
Sim, o parto da Sophia foi difícil. Aprendi que cada fato faz parte da minha história. Sou quem eu sou como resultado de tudo o que eu vivi — o momento bom e o ruim.

Na vida amorosa, sei que costuma adotar uma postura discreta.
Estou com o Felipe [Abad, empresário] há quatro anos. Tive dois casamentos que foram relacionamentos um pouco difíceis, talvez abusivos. Tenho até dificuldade em falar porque acabo expondo o outro. Com o Felipe, é a primeira vez que tenho um relacionamento muito equilibrado. É difícil pensar que existe uma relação assim. A gente não briga. Eventualmente, vamos conversar sobre alguma coisa que discordamos, mas ninguém se cobra de maneira ruim. Há uma liberdade gigantesca para estar com quem quer, a gente se respeita absurdamente. Tenho o espaço com as minhas filhas e isso não gera nenhuma competição. Tenho o espaço para as amigas e isso também não é motivo de competição. É uma relacionamento muito tranquilo, calmo. É difícil ver pessoas vivendo esse tipo de relação.

Luiza Valdetaro e o namorado, Felipe Abad (Foto: Reprodução/Instagram)
Luiza Valdetaro e o namorado, Felipe Abad (Foto: Reprodução/Instagram)

Como vocês não expõem tanto nas redes sociais, acabam se preservando. Como é a relação de vocês? Os gostos são parecidos?
Está tudo certo. É um relacionamento muito calmo. A gente gosta de ficar em casa. Às vezes, eu sou daquelas que sai e quer curtir até o fim, não volto antes de acabar (risos). Ele fica desesperado. Quando tem churrasco lá em casa, chega uma hora em que ele desaparece (risos). “Deu meu tempo”, ele diz. E beleza, tudo bem. Ele tem o tempo dele e eu o meu. Ele sabe que sou non-stop.

Teria mais um filho?
Não. Acho que não teria mais por vários fatores. A responsabilidade, a demanda e o dia segue com apenas 24 horas. Teria que abrir mão de algum lugar — seja das meninas, de mim, do trabalho. Estou me recolocando de novas formas no mercado, terminei MBA, estou acabando faculdade… Se interrompo tudo isso para uma nova gravidez, sairia do trilho que estou hoje. Afinal, ter filho requer tempo ao gerar e no pós-parto. A amamentação é um momento sério e requer que a gente dê a atenção devida. Agora, eu tenho o Lindo, meu vira-lata, pra cuidar. Conheci esse amor por pets agora e é uma loucura.

Luiza Valdetaro e o cãozinho de estimação (Foto: Daniel Delmiro/AgNews)
Luiza Valdetaro e o cãozinho de estimação (Foto: Daniel Delmiro/AgNews)

Luiza Valdetaro em rotina de treino na Praia do Leblon (Foto: Reprodução/Instagram)

Luiza Valdetaro em rotina de treino na Praia do Leblon (Foto: Reprodução/Instagram)

Fonte: Quem

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