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Moraes diz que foi transformado em ‘vilão’ de ‘carne, osso e sem cabelo’: ‘E aí você vai batendo, vai batendo’

Nos últimos anos, ministro do STF e presidente do durante solenidade de Sete de Setembro TSE tornou-se um dos principais alvos de Jair Bolsonaro e seu entorno, com direito a xingamento.

Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira, durante participação em evento promovido pelo Tribunal de Contas de São Paulo (TCE-SP), que foi transformado em “vilão” por forças políticas brasileiras. Em um discurso no qual traçou um panorama sobre a atuação da extrema direita no país e no mundo, o magistrado defendeu que havia a necessidade de, para atacar as instituições, “personificar o inimigo”.

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Alexandre de Moraes discursa durante posse no TSE — Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

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— Você falar de uma instituição fica um pouco etéreo. Você tem que personificar. Você tem que achar dentro da instituição um inimigo de carne e osso, porque aí você personifica. No caso do Brasil, foi carne, osso e sem cabelo. Um preconceito. E aí você vai batendo, vai batendo. Porque dá Ibope. Vira uma novela — discorreu Moraes.

Moraes é cumprimentado pelo ministro do STF Ricardo Lewandowski  — Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

Moraes é cumprimentado pelo ministro do STF Ricardo Lewandowski  — Foto: Secom/TSE

Atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e responsável, no STF, pela relatoria de diferentes ações que miram Jair Bolsonaro (PL) ou seus aliados, Moraes tornou-se um dos principais alvos do ex-presidente e seu entorno. Na solenidade do Sete de Setembro em 2021, por exemplo, o então chefe do Executivo chegou a chamar o magistrado de “canalha”, acrescentando que não mais cumpriria decisões judiciais que partissem dele.

Em sua fala durante o evento, Moraes também discorreu sobre o poder das redes sociais e da capacidade dessas plataformas de disseminarem desinformação em larga escala. O ministro destacou a radicalização do discurso político e comparou o funcionamento dos algoritmos dessas redes a uma “lavagem cerebral”.

— (O objetivo é) transformar o eleitor em massa de manobra. Transformar o eleitor, lamentavelmente, em um fanático político. Foi assim que começou o algoritmo — resumiu.

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O magistrado tratou ainda do que chamou de “ataque à democracia” por representantes da extrema direita ao redor do mundo. Ao longo da fala, Moraes citou como exemplo a narrativa da “ameaça comunista” — frequentemente utilizada pelo bolsonarismo — e seu impacto no eleitorado brasileiro.

— Impressionante como o comunismo dá Ibope, né? 99% das pessoas que falam nem sabem o que é comunismo. O 1% que sabe, sabe que não existe mais comunismo. A China é comunista, mas é mais capitalista do que nós. O Putin é o rei do comunismo? (Quando) você fala em comunismo, principalmente pessoas mais velhas, é um negócio… (Quando perguntadas) por que são contra tal coisa, (respondem): “Porque vão instalar o comunismo no Brasil” — disse.

Durante o discurso, Moraes mencionou os ataques golpistas de 8 de janeiro, tratados como mais um capítulo de “ameaça à democracia”. O magistrado ressaltou a força das instituições brasileiras e exaltou o dia 5 de outubro, em referência à data da promulgação da Constituição Federal, que completou 35 anos nesta quinta-feira.

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— Recentemente, o Brasil sofreu ataques à democracia. Não só o Brasil. A fórmula de ataque à democracia, que surgiu na extrema direita norte-americana, e foi aplicada primeiro na Hungria, Polônia, Turquia… Uma tentativa na Itália, na Espanha, em outros países na América Latina e no Brasil — enumerou Moraes, antes de prosseguir:

— E as instituições brasileiras souberam responder. Tivemos eleições, tivemos posse, tivemos o dia 8 (de janeiro) e estamos aqui no dia 6 de outubro na democracia e no Estado de Direito graças ao fortalecimento institucional que foi realizado em 5 de outubro e esse crescimento institucional de órgãos de Estado, órgãos de governo.

 

Fonte G1.

Redação Gdsnews.

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