Morte de bebês em Corumbá expõe “guerra” entre deputado e prefeito tucanos.

Morte de mãe e bebê, em meados de fevereiro na Santa Casa de Corumbá, levou a uma série de protestos em Corumbá – Foto CE.

As recentes mortes de bebês supostamente por falta de UTI neonatal em Corumbá e a instauração de um inquérito por parte do Ministério Público Estadual (MPE) expuseram uma espécie de “guerra” entre o deputado federal Geraldo Resende e o prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes, ambos do PSDB.

Tornada pública nesta terça-feira (19), a investigação do MPE começou depois que o deputado, que foi secretário estadual de Saúde na gestão passada, encaminhou documento de nove páginas à promotoria cobrando investigação sobre a falta de UTI para recém-nascidos na cidade com mais de cem mil habitantes. Incluindo Ladário, são 118 mil moradores.

Por sugestão do deputado, o promotor quer saber se o setor de saúde recebeu alguma parcela dos R$ 200 milhões que o Fonplata liberou para a prefeitura desde 2017, ano em que Marcelo Iunes assumiu no lugar de Ruiter Cunha, que faleceu. Em 2020 Marcelo foi reeleito.

Ao classificar a administração do seu correligionário como “negligente e desumana”, o deputado escreve em seu “dossiê” que “as pessoas mais vulneráveis são as que mais sofrem as consequências da desastrosa gestão pública em saúde, visto ser tenebroso para aquela população as intercorrências, mortes e sequelas envolvendo crianças neonatais e mães grávidas, puérperas e parturientes”.

A morte mais recente, em meados de fevereiro, e que desencadeou uma onda de protestos em Corumbá foi de Eneliz da Silva Cunha, de 30 anos. No sétimo mês de gestação, teve de fazer um parto às pressas e o prematuro precisava de UTI neonatal, leito não disponível na cidade. Por isso, diz a denúncia mãe e bebê morreram.

As duas mortes geraram comoção e levaram o pai de Eneliz a fazer um desabafo nas redes sociais. E, trechos desse desabafo foram usados agora pelo deputado Geraldo Resende para exigir investigação do seu colega de partido.

“Dói perder uma filha e um neto no mesmo dia. Minha filha entrou tão feliz na maternidade e saiu dentro de um caixão do CTI. Minha filha estava sem fôlego. Não tinha ar-condicionado dentro do CTI, não tinha uma ventilação para minha filha. Minha filha estava puxando o ar, estava sufocada naquele calor. Não tinha um ar-condicionado funcionando, gente! O que é isso? Onde nós vamos? Até quando vamos ver crianças morrerem aqui em Corumbá? Até quando? Eu perdi uma filha, eu perdi um neto. Eu estou doído, nem sei como estou falando aqui”, diz trecho do depoimento do pai de Eneliz transcrito pelo deputado.

O parlamentar cita também a morte de outra criança, em 21 de janeiro, que ele também alega ter ocorrido por falta de estrutura. Arthur ainda foi transferido para Campo Grande, mas não resistiu à viagem de mais de 430 quilômetros.

E, antes dessa investigação, o MPE já havia aberto duas outras ações que atribuem nada menos de 35 mortes de bebês em 2020 e outras 34 em 2021 por conta do mesmo problema na chamada Cidade Branca.

Pelo fato de ser um problema crônico, o ex-secretário estadual de saúde, ao atribuir toda a responsabilidade ao atual prefeito, que está em fim de mandato, também tenta livrar-se de uma possível responsabilidade sobre esta tragédia silenciosa.

Conforme a denúncia do deputado, o prefeito de Corumbá rejeitou a oferta do governo estadual para que a cidade recebesse um hospital regional estadual, assim como ocorreu em Três Lagoas e Ponta Porã. Marcelo Iunes teria alegado que este novo hospital inviabilizaria o funcionamento da Santa Casa, palco das seguidas mortes de crianças.

Além disso, Geraldo Rezende lembra que a administração estadual liberou, em 2018, quase R$ 12 milhões para instalação de UTI neonatal na Santa Casa, mas nada disso teria sido investido para melhorar o atendimento de recém-nascidos. O dinheiro teria sido aplicado em outros setores do hospital, aponta o deputado.

Diante disso, diz o deputado, “o prefeito de Corumbá não só é inoperante, como também é desumano em sua vida pública, assumindo uma prática que contraria frontalmente a função do Poder Executivo em qualquer das três esferas federativas”.

Com a investigação o MPE quer investigar especificamente “eventuais falhas na prestação dos serviços públicos de saúde (e danos morais coletivos) pelos óbitos ocorridos em circunstâncias semelhantes possivelmente devido à ausência de UTI MISTA (Neonatal + Pediátrica), no período compreendido entre 01 de janeiro a 18 de março de 2024, na Santa Casa de Corumbá-MS, bem como a respeito da destinação dos recursos do Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (FONPLATA) à saúde desta municipalidade”.

Fonte CE.

Redação Gdsnews.

 

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