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MST completa 40 anos esta semana e prepara plano de ação em todo o País

MST em marcha no Mato Grosso do Sul - Foto: Internet

O Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra – o popular MST – completa 40 anos de fundação esta semana. Diretores do MST de todo o País estão reunidos em São Paulo preparando planos de ações regionais e estaduais, por conta da diferença de situação nos Estados brasileiros.

Em nível nacional, o MST completa 40 anos com objetivos e perspectivas diversas das que motivaram sua criação, um histórico de conflitos com fazendeiros, ruralistas e governos antagônicos, certa desilusão com o PT e desafios que incluem dificuldade de novos quadros, esvaziamento político e cerco bolsonarista.

Fundado durante um encontro nacional realizado de 21 a 24 de janeiro de 1984 em Cascavel (PR), o MST se tornou o movimento brasileiro pela reforma agrária mais famoso dentro e fora do país. Neste ponto, Douglas Cavalheiro da Silva, da direção do MST em Mato Grosso do Sul, destaca que o tipo de ação este ano será diferente – com mais estratégia e de forma pacífica, principalmente pelo fato de a reforma agrária no Brasil andar a passos de tartaruga.

De acordo com Douglas Cavalheiro da Silva, são quatro décadas de defesa da reforma agrária, do direito a terra, à educação e à produção de alimentos saudáveis. “Nossa jornada é marcada pela convicção revolucionária no compromisso e solidariedade com o povo brasileiro e soma forças às inúmeras resistências camponesas, das populações tradicionais, urbanas, minorias marginalizadas, daquelas e daqueles que lutam por justiça social”, destacou.

Ele disse, ainda, que tem muito orgulho de ser formado nas fileiras do MST, que é o maior movimento social e mais longevo da América Latina e mandou um recado: “Vem com a gente nesta celebração e compartilhe sua homenagem ao MST na Rede X (ex-Twitter) e em todas as redes sociais, utilizando o termo VIVA O MST, nas suas frases”.

Protagonista de invasões de terras vistas por grupos de esquerda como instrumentos de pressão legítimos e, por grupos de direita, como violações violentas da propriedade privada, manteve-se no centro das atenções do embate político nestas últimas décadas.

Após atravessar a gestão Jair Bolsonaro sob ameaças (o ex-presidente defendia enquadrar as ações do grupo como terrorismo), teve estremecimento com o governo Lula 3 diante da ocupação de uma fazenda da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e foi pressionado por uma CPI na Câmara dos Deputados.

Embora carregue a fama, o MST é apenas um dos movimentos críticos da concentração fundiária. Diferenciou-se de outros pela capacidade de organização e a capilaridade. Presente em 25 estados, optou por não ter presidente e toma decisões de maneira colegiada, como a reunião que está acontecendo em São Paulo e que vai durar toda a semana.

Nestes 40 anos, as maiores lideranças do MST foram João Pedro Stedile, 70, fundador e cabeça pensante do MST; José Rainha, 63, comandante carismático das invasões que terminou proscrito; e João Paulo Rodrigues, 44, principal figura da geração que nasceu e cresceu em assentamentos.

O ápice das invasões do grupo ocorreu no fim do primeiro e começo do segundo mandato de FHC (PSDB), em 1998 e 1999, de acordo com os dados compilados anualmente pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, da CPT (Comissão Pastoral da Terra). Foram quase 600 em cada um daqueles dois anos, além de ações em prédios públicos.

Em maio de 2000, o governo editou medida provisória que impediu a desapropriação de áreas invadidas, o que resultou em redução das ações do MST. Com Lula no poder, a medida foi descartada e as ocupações voltaram a crescer, embora em número bem menor do que no período mais tenso sob FHC, que teve uma fazenda sua em Buritis (MG) invadida pelo MST em 2002. A média de ações nos dois primeiros mandatos de Lula, de 2003 a 2010, ficou em cerca de 350 ao ano.

Já sob Dilma (2011-2016) esse tipo de mobilização caiu para uma média de cerca de 215 ao ano, sob Temer (2016-2018) recuou para abaixo de 200, e atingiu seu menor índice sob Bolsonaro (2019-2022), com média de menos de 50 ocupações ao ano (o período coincidiu, em parte, com a pandemia da Covid-19). Sob Lula 3, a CPT diz que só no primeiro semestre de 2023 ocorreram 71 ocupações de terras. Os dados do segundo semestre ainda não foram divulgados.

 

Fonte CE.

Redação Gdsnews.