A Prefeitura de Campo Grande publicou no Diário Oficial desta quarta-feira (8) o acréscimo de R$ 1,05 milhões em repasses ao Hospital Adventista do Pênfigo, que deve ser pago mensalmente no montante de R$ 175 mil.
O valor é destinado à implementação do Pronto Atendimento Médico (PAM) nas duas unidades do Hospital, localizadas na região do Jardim Centenário e no Centro da cidade.
A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informou que apesar do repasse ter sido publicado apenas na data de hoje, a decisão já está em funcionamento desde julho deste ano. Sendo assim, o pagamento segue apenas até dezembro.
Vale lembrar que a Saúde da Capital enfrenta problemas relacionados a vagas em leitos da rede de urgência e emergência (RUE) em Pronto Atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso porque o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian iniciou procedimento para se desvincular da Rede de Urgência e Emergência (RUE) de Campo Grande.
No dia 24 de outubro, o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública, com pedido de liminar, para que o Município de Campo Grande e o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul ampliem os leitos, com o intuito de desafogar o pronto atendimento adulto do HU.
O MPF quer que o Município apresente um plano de ação com providências administrativas a serem adotadas para a ampliação de leitos da RUE, com a obrigatoriedade de que as medidas apresentadas possibilitem a desabilitação da entrada hospitalar de urgência e emergência do HU.
Para o Estado, o requerimento pede que sejam realizadas as providências administrativas, e a desabilitação, na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) da entrada de urgência e emergência do Hospital Universitário.
Entenda
A Superintendência do HU realizou denúncias alegando que a superlotação do hospital vem atingindo “uma situação nunca antes vista em mais de 46 anos”.
Em entrevista publicada no dia 9 deste mês, a superintendente do Hospital, Andréa de Siqueira Campos Lindenberg, e o gerente administrativo da unidade, Carlos Alberto Moraes Coimbra, revelaram que a expectativa seria de quem em 60 dias (43 agora) a unidade pudesse ser desvinculada da Rede de Urgência e Emergência (RUE) da Capital.
“É um desejo que já está bem avançado, porque a gente tem o apoio municipal, a gente já fez toda a negociação com o município de Campo Grande, a gente tem o apoio da nossa universidade, da sede da Ebserh [Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares], que é a empresa que administra o hospital, e já está previsto, inclusive, aguardando um contrato para ser assinado. A gente espera que em curto prazo isso aconteça”, declarou Andréa na ocasião.
A saída do Hospital Universitário da RUE, porém, não significa que o Pronto Atendimento Médico (PAM) do hospital será fechado: o que os gestores querem é que o número de vagas da unidade seja respeitado. Assim, com a saída da rede de urgência, o HU receberá pacientes nessas condições apenas se houver leitos disponíveis. Hoje, são 30 leitos ao serviço do PAM.
Segundo Coimbra, a regulação costuma mandar mais pacientes do que o suportado pelo Hospital.
“A gente já chegou a ter momentos que, além das 30 vagas no Pronto Atendimento, a gente tinha 70, 80 pacientes a mais, e aí fica todo o estresse para a equipe assistencial, que tem que se desdobrar para cuidar de todos esses pacientes”, explicou.
Outro problema citado pelo gerente administro da unidade é a contratação de mão de obra. O hospital informou em denúncia ao MPF que o aumento do número de afastamentos entre os colaboradores, por doenças respiratórias ou doenças derivadas da sobrecarga de trabalho, estariam prejudicando a gestão de escalas, sendo necessário o fechamento de leitos de internação para remanejamento de profissionais.
“E diferente de um hospital filantrópico, um hospital privado, nós, por sermos um hospital público federal, não temos a agilidade na contratação de mão de obra pontual. A gente não tem essa flexibilidade porque dependemos de concurso público”, pontuou.
Além de ficarem sobrecarregados, os gestores da unidade relatam que a superlotação do HU também causava prejuízo financeiro para o hospital, já que o faturamento do HU era proporcional ao número de leitos, independentemente do número de pessoas que estariam internadas.
“A gente tinha um número X de leitos no nosso pronto atendimento, e por conta dessa questão da caracterização da vaga zero pelo sistema de regulação, muitas vezes a gente tinha um quantitativo de pacientes muito superior a nossa capacidade. Com isso, a assistência ficava prejudicada, a nossa força de mão de obra, extremamente sobrecarregada, um prejuízo na questão de insumos, porque a gente tinha um planejamento para X leitos e acabava tendo Y”, acrescentou.
Outro ponto afetado pela superlotação é o desenvolvimento do ensino de 25 residências e aos 500 alunos de graduação que utilizam o hospital como campo de prática. Sair da rede de urgência também permitirá que o hospital foque em uma área em que há grande necessidade em Campo Grande e no Estado como um todo: as cirurgias eletivas.
“No passado, o pronto atendimento nosso era sobrecarregado, e a pirâmide de cirurgias nossas ficou invertida, porque 80% das nossas cirurgias eram de urgência e emergência e 20%, eletivas. A partir do momento que a gente tem o respeito dessa capacidade hospitalar, essa pirâmide se inverte. Então, a gente fica com a urgência e emergência com 20% das cirurgias eletivas e 80% para as cirurgias eletivas”, concluiu.
Fonte CE.
Redação Gdsnews.