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Mato Grosso do Sul vai estrear vacina da dengue no Brasil em janeiro de 2024

Com parceira entre a fabricante e a prefeitura, vacina inédita será distribuída gratuitamente aos moradores de Dourados

O estado de Mato Grosso do Sul será a unidade da Federação pioneira na aplicação em massa da nova vacina da dengue no Brasil. A partir de janeiro, Dourados, maior cidade do interior de MS, com 225.495 habitantes, aplicará o imunizante gratuitamente aos seus moradores.

Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (Sems) de Dourados, Waldno Lucena, os residentes de 4 a 59 anos poderão receber o imunizante a partir do dia 3 de janeiro de 2024.

“Podem tomar a vacina pessoas de 4 a 59 anos e não podem tomar a vacina pessoas fora dessa faixa etária, gestantes e nutrizes. As doses começaram a chegar no dia 13”, ressalta o titular da Pasta de Saúde do município localizado a 230 km de Campo Grande.

O secretário explica que Dourados vai receber 300 mil doses da vacina Qdenga, da farmacêutica Takeda, para imunizar 150 mil habitantes. Cada pessoas apta a tomar a vacina receberá duas doses do imunizante com intervalo de três meses entre cada aplicação.

“Fizemos acordo com o laboratório Takeda, que vai fazer o fornecimento gratuito dessas 300 mil doses e que vai nos permitir imunizar 150 mil pessoas. A única limitação dessa vacina é a faixa etária, pois está aprovada para uso entre 4 e 59 anos”, detalha Lucena.

Com a parceria, o município não terá custo com o imunizante nem com os insumos necessários, como agulhas e seringas, que também serão enviados pela companhia.

“Dourados foi escolhida pela secretaria para ir atrás de parceria com o laboratório do imunizante por ter um perfil epidemiológico da doença que justifique a campanha. A vacina está aprovada pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] e está sendo vendida nas clínicas privadas por cerca

de R$ 450 a dose”, defende.

Lucena esclarece que as 33 unidades de saúde da cidade estão equipadas com salas de vacinação e estarão prontas para atender os residentes que desejarem receber a vacina contra a dengue. Ele também destaca que haverá um reforço na equipe de vacinação no Posto de Assistência Médica (PAM) de Dourados e a formação de uma equipe móvel para imunizar os trabalhadores das empresas locais.

VACINA

O secretário de Saúde de Dourados salienta que as pessoas não precisam ter medo da nova vacina, pois o imunizante já foi confirmado como seguro.

“É uma vacina de vírus atenuado que estimula o organismo a produzir anticorpos contra o próprio vírus, com mesma tecnologia usada nas vacinas tradicionais, e determina uma proteção por cinco anos contra os quatro sorotipos de dengue”, esclarece.

A Anvisa anunciou em março a aprovação da vacina Qdenga para combater a dengue. Destinada a crianças a partir de 4 anos, adolescentes e adultos até 60 anos, o imunizante se destaca por ser eficaz independentemente da exposição prévia à dengue.

No entanto, a utilização da Qdenga requer atenção a detalhes específicos. A vacina, baseada em vírus vivo, é contraindicada para gestantes e lactantes, assim como para indivíduos com imunodeficiências primárias ou adquiridas, incluindo aqueles em tratamentos que comprometem o sistema imunológico. Reações de hipersensibilidade à dose anterior também são motivos de contraindicações.

De acordo com a Anvisa, quem já teve dengue pode receber a vacina, sendo inclusive recomendado, uma vez que há melhor resposta imune e menor risco de complicações da doença.

A eficácia da Qdenga foi comprovada em 81% dos casos após 30 dias da primeira dose. No entanto, a proteção de médio e longo prazo só é assegurada com o esquema vacinal completo, que é de duas doses, com um intervalo de três meses entre cada aplicação.

CASOS

Para Lucena, o objetivo da campanha de vacinação é reduzir os casos de dengue, as internações e as mortes pela doença no Estado. Neste ano, 12,5% do total de óbitos registrados pela doença ocorreram em Dourados.

Até o momento, foram registrados 40.460 casos confirmados e 40 mortes pela doença.

O último ano em que teve maior número de mortes e casos foi 2014, com 42 óbitos e 41.998 diagnósticos confirmados de dengue.

No entanto, o número de mortes pode aumentar neste ano, pois dois falecimentos ainda estão em investigação pelo Estado. Os meses mais letais foram março e abril, com 12 e 11 óbitos, respectivamente.

Os casos de dengue são liderados por municípios do interior de MS. Na taxa de incidência, ou seja, a proporção de casos pelo número de habitantes, Alcinópolis lidera com taxa de 9.036,8 casos por 100 mil habitantes, seguida por Juti (6.821,2), Anaurilândia (5.605,6), Laguna Carapã (5.324,3) e Antônio João (4.880,1). A Capital está na 35ª posição, com taxa de incidência de 1.321,7.

Quanto ao número de mortes, Campo Grande e Três Lagoas dividem o topo neste ano, com seis óbitos cada. Logo após vêm Dourados com cinco casos e Aquidauana, Laguna Carapã, Juti e Aparecida do Taboado com duas mortes cada.

Os municípios de Guia Lopes da Laguna, Amambai, Ivinhema, Brasilândia, Ribas do Rio Pardo, Naviraí, Mundo Novo, Bela Vista, Rio Verde de Mato Grosso, Douradina, Bataguassu, Novo Horizonte do Sul, Itaquiraí e Coxim tiveram um óbito por dengue cada.

Neste ano, os casos e mortes causados pela doença ultrapassaram os de 2021 e 2022 em menos de seis meses. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), em 2021, foram registrados 8.027 casos confirmados e 14 mortes pela doença. Já no ano passado o número mais que dobrou, com 21.328 confirmações e 24 óbitos.

O número divulgado no último boletim da SES é alarmante, com 11.862 casos a mais que 2022 e mais casos que os dois anos anteriores somados, o que totaliza 39.734 casos confirmados.

A situação se repete quanto ao número de óbitos causados pela doença: neste ano, foram registradas 40 mortes, superando novamente a soma de óbitos dos dois anos anteriores.

 

Fonte CE.

Redação Gdsnews.

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