FixoMundo

Mortes em porões durante enchentes causadas por furacão revelam vida de quem mora no subsolo de Nova York

Milhares de pessoas, muitas delas imigrantes ou residentes de baixa renda que não podem pagar os aluguéis exorbitantes da cidade, procuram abrigo em moradias ilegais e que não atendem a requisitos de segurança e construção

Quando a chuva inundou a cidade de Nova York na noite de quarta-feira, transformando ruas em rios e inundando estações de metrô, as autoridades emitiram um alerta desesperado para manter os moradores seguros: Fiquem em casa. Democratização da moradia: na Europa e nos EUA, cidades buscam soluções para a falta de habitação acessível

Ainda assim, muitos dos nova-iorquinos que perderam a vida durante as enchentes foi encontrada em porões, depois que a água das ruas entrou em suas casas pelas janelas.

Tempestade tropical inundou rodovias em Nova York, nos Estados Unidos Foto: BRENDAN MCDERMID / REUTERS

Contexto: Desastres climáticos aumentaram cinco vezes nos últimos 50 anos, aponta relatório da ONU

Um desastre natural grave pode tornar qualquer lugar inseguro. Mas o número de mortos na tempestade de quarta também destacou o mundo único e sombrio dos apartamentos subterrâneos na cidade de Nova York.

Dezenas de milhares de pessoas, muitas delas imigrantes ou residentes de baixa renda que não podem pagar os aluguéis exorbitantes da cidade, procuram abrigo em moradias subterrâneas que muitas vezes não são consideradas legais para moradia e não atendem aos regulamentos de segurança ou de construção.

Não está claro se todas as casas onde as pessoas morreram durante a tempestade eram unidades ilegais. Mas em uma casa em Woodside, Queens, onde uma criança e seus pais foram encontrados mortos, um certificado de ocupação mostra que o porão não foi aprovado para uso residencial.

Os registros da cidade também mostraram duas queixas de porões ilegais em 2012 para uma casa no Queens, onde uma mulher de 86 anos foi encontrada morta. As reclamações foram encerradas depois que os inspetores de construção da cidade não conseguiram acessar o porão.

Um porta-voz do Departamento de Edifícios disse nesta quinta-feira que a agência investigava as mortes, mas não tinha “nenhum registro de qualquer violação emitida anteriormente nessas propriedades, relacionada a questões de conversão ilegal”.

As mortes destacaram o que tem sido um problema de longa data: embora os apartamentos no subsolo sejam uma característica dos bairros da cidade de Nova York, proporcionando a muitas pessoas um lugar para morar que de outro modo não seriam capazes de encontrar, eles também se mostraram perigosos em muitos casos, suscetíveis a incêndios mortais e inundações.

Não está claro quantos apartamentos no subsolo existem na cidade, já que muitos são ilegais.

Annetta Seecharran, diretora executiva da Chhaya Community Development Corporation, um grupo que trabalha com questões habitacionais para nova-iorquinos de origem sul asiática e do Caribe, disse que os custos humanos da tempestade destacaram a necessidade de as autoridades públicas encontrarem uma maneira de permitir que proprietários de casas convertam unidades subterrâneas ilegais em moradia legal.

— Se alguma vez houve prova de que precisamos resolver esse problema do porão, foi esta — disse.

Ela disse ter ouvido falar de várias pessoas que foram deslocadas quando seus apartamentos no subsolo inundaram, enquanto os proprietários lutavam para conseguir ajuda para começar a drenar os porões ou fazer reparos.

Ainda segundo Seecharran, devido à necessidade de moradias populares na cidade de Nova York, e porque muitos proprietários de baixa renda precisam de dinheiro extra, as pessoas continuariam a procurar casas em porões, independentemente de serem ilegais. E como muitas das unidades são irregulares, os inquilinos podem relutar em procurar ajuda ou reclamar de condições inseguras por medo de perder seu domicílio. — Precisamos tirar os apartamentos subterrâneos das sombras e colocá-los na luz — disse Seecharran.

 

Fonte G1.

Redação Gdsnews.

Mostrar Mais
Botão Voltar ao topo