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Prevent Senior: Justiça determina quebra de sigilo de prontuários de jornalista e atores que morreram de Covid para comparar com Wong e Hang

Polícia quer entender por que empresa omitiu a Covid-19 como causa da morte nas certidões em alguns casos e em outros não.

A Justiça de São Paulo determinou a quebra de sigilo de prontuários de pacientes da Prevent Senior que morreram em decorrência da Covid-19. A decisão atendeu a pedido feito pela Polícia Civil no inquérito que investiga a operadora de saúde por diversas irregularidades.

Fachada da Unidade da Prevent Sênior na Avenida Paulista, centro de São Paulo. — Foto: BRUNO ESCOLASTICO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Fachada da Unidade da Prevent Sênior na Avenida Paulista, centro de São Paulo. — Foto: PHOTOPRESS

Entre os pacientes estão os atores Gesio Amadeu (que trabalhou nas novelas Sinhá Moça, Renascer e A Viagem) e João Acaibe (o tio Barnabé, do Sítio do Pica-pau Amarelo), e o jornalista esportivo Orlando Duarte. Os três morreram em hospitais da Prevent Senior.

O objetivo dos investigadores é entender por que no caso deles constava a Covid-19 como causa da morte no atestado de óbito, diferente do observado nas certidões do médico Anthony Wong e de Regina Hang, em que a informação foi omitida.

Em nota, a Prevent Senior afirmou que todas as informações serão passadas às autoridades. “Nos dois casos citados [Wong e Hang], não houve omissão da existência de Covid 19 nos prontuários. As notificações às autoridades públicas foram feitas normalmente”, disse a operadora.

Troca de delegado

Polícia Civil unifica inquéritos sobre a Prevent Senior e troca delegado

O inquérito policial do caso Prevent Senior em andamento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) agora será conduzido pelo delegado Laercio Ceneviva, recém-empossado como titular da 1ª Delegacia de Repressão de Crimes contra a Liberdade Pessoal. Até então, o delegado Rafael Cocito ocupava interinamente o cargo.

A Polícia Civil investiga dirigentes e médicos da operadora pela distribuição do “kit Covid” a pacientes. Em outras oportunidades, dirigentes da Prevent disseram que seus médicos têm autonomia para prescrever o tratamento aos pacientes, mas médicos ouvidos pela GloboNews alegam que, na verdade, eles eram obrigados pela empresa a entregar o kit composto por medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença.

A polícia já ouviu no DHPP, junto com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), o diretor da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior. O dirigente, que é médico, negou que a operadora tenha cometido irregularidades no tratamento de pacientes com Covid.

Novas diligências devem ser requisitadas para as próximas semanas, assim como o agendamento de depoimentos de médicos que denunciaram à operadora – como os que fizeram um dossiê para denunciar à CPI da Covid no Senado as supostas irregularidades cometidas pela empresa-, além de dirigentes da empresa, pacientes e familiares de pacientes.

Outra mudança nas investigações da Polícia Civil envolvem o inquérito que apura se a Prevent Senior cometeu crime de falsidade ideológica por não mencionar a Covid nas certidões de óbitos do médico pediatra Anthony Wong e da mãe do empresário Luciano Hang, Regina Hang, e de outras três pessoas. O prontuários dos pacientes e os atestados já foram entregues à polícia e ao Ministério Público (MP).

Até então, a investigação era conduzida pelo 77º Distrito Policial (DP), na Santa Cecília, no Centro da capital paulista, mas, por uma decisão da Polícia Civil, será unificado ao outro inquérito já em andamento no DHPP.

A pedido do Ministério Público estadual, este inquérito já havia sido anexado à investigação em curso no DHPP. A partir de agora, no entanto, será conduzida integralmente pelo delegado Laercio Ceneviva Filho.

A força-tarefa do MP-SP e o DHPP investiga a Prevent Senior por suspeita de que seus diretores e médicos possam ter cometido:

Homicídio: por dar a pacientes com coronavírus o chamado “kit Covid”, com medicamentos ineficazes na prevenção e no combate à doença;

Falsidade ideológica: por adulterar certidões de óbito de pacientes, deixando de informar que as mortes deles foram decorrentes do coronavírus;

Omissão de notificação de doença obrigatória às autoridades: omitir nos registros médicos que se tratavam de pacientes infectados com o vírus.

Os promotores Maria Fernanda de Castro Marques Maia, Éverton Zanella e Nelson dos Santos Pereira Júnior, da força-tarefa do MP que investiga a Prevent Senior, durante coletiva — Foto: Reprodução/TV Globo

Os promotores Maria Fernanda de Castro Marques Maia, Éverton Zanella e Nelson dos Santos Pereira Júnior, da força-tarefa do MP que investiga a Prevent Senior, durante coletiva — Foto: Reprodução

Força-tarefa quer ouvir 50 pessoas

Em paralelo à investigação da Polícia Civil, a força-tarefa do Ministério Público de São Paulo pretende ouvir aproximadamente 50 pessoas até dezembro deste ano no inquérito que apura irregularidades cometidas pela Prevent Senior.

Entre os remédios que fazem parte do “kit Covid” estão a hidroxicloroquina, a cloroquina, a ivermectina e a flutamida. Eles foram dados pela empresa para pacientes com coronavírus que procuraram seus hospitais, e até para pessoas que passaram por teleconsultas e relataram ter os sintomas da doença.

O MP e a Polícia Civil analisam ainda prontuários médicos dos pacientes que morreram, conversas, exames, receitas médicas, além de documentos repassados pela CPI da Covid e também pela operadora. Peritos médicos da própria Promotoria vão ajudar na análise técnica dos documentos.

Prevent vai suspender distribuição de ‘kit Covid’

O Ministério Público de São Paulo e a Prevent Senior assinaram na sexta-feira (22) um termo de ajustamento de conduta. A operadora de saúde se comprometeu a parar de usar o kit de medicamentos ineficazes contra a Covid e de realizar tratamentos experimentais sem autorização dos órgãos de controle.

Caso haja descumprimento, a punição prevê multas de até R$ 500 mil.

A advogada Bruna Morato, que representa o grupo de médicos que denunciou a Prevent Senior pela utilização de remédios sem eficácia contra a Covid-19, depõe na manhã desta quinta-feira (21) na CPI que investiga a operadora na Câmara Municipal de São Paulo. — Foto: SUAMY BEYDOUN/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

A advogada Bruna Morato, que representa o grupo de médicos que denunciou a Prevent Senior pela utilização de remédios sem eficácia contra a Covid-19, depõe na manhã desta quinta-feira (21) na CPI que investiga a operadora na Câmara Municipal de São Paulo. — Foto: ESTADÃO CONTEÚDO.

Outras investigações

A Prevent Senior é investigada ainda na esfera trabalhista pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Entre as linhas de apuração está a suspeita de “assédio moral organizacional”, que se configura pela “prática sistemática e reiterada de variadas condutas abusivas e humilhantes”.

Os procedimentos foram instaurados após os relatos de pacientes, familiares e de médicos dados à imprensa e à CPI da Covid do Senado.

Em São Paulo, a Câmara Municipal também abriu uma CPI para apurar as denúncias contra a operadora. Na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a votação da abertura de uma CPI ainda precisa ser marcada.

Em outras ocasiões, a Prevent Senior sempre negou as suspeitas de irregularidades contra a empresa em seus hospitais e informou que irá colaborar com as apurações.

 

Fonte G1.

Redação Gdsnews.

 

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