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Com Simone e Soraya candidatas à Presidência, Mato Grosso do Sul fica no topo da mídia nacional

Jota Menon

Nunca antes em sua história de apenas 44 anos, o Mato Grosso do Sul viveu um momento tão próspero no contexto político brasileiro.

E essa posição destacada não é mera consequência das indicações de Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) para disputarem a Presidência da República.

Trata-se de um processo de amadurecimento da classe política local que tem referências históricas de nomes que ultrapassaram as fronteiras de líder provinciano e se inseriram no rol dos líderes políticos cujas ações e opiniões refletem no cenário nacional.

Como já frisado, não há um momento tão auspicioso como o atual para a classe política guaicuru, mas a elevação de lideranças locais para a condição de agente público de nível nacional começou logo após a implantação do Estado, com a eleição da primeira bancada federal, com ênfase na bancada senatorial formada por Mendes Canale, egresso da bancada do Mato Grosso indiviso; Pedro Pedrossian, primeiro senador eleito pelo novo Estado, e Rachid Saldanha Derzi, indicado indiretamente pela Assembleia Legislativa.

Foi a renúncia de Pedro Pedrossian, em novembro de 1981, que levou ao Senado o ex-governador José Manoel Fontanilhas Fragelli, suplente de Pedrossian.

No Senado, o aquidauanense Fragelli conquistou o respeito dos seus colegas e foi eleito presidente do Congresso Nacional, sendo o primeiro sul-mato-grossense a ocupar este posto e a assumir interinamente a Presidência da República quando de viagem do então presidente da República, general João Baptista Figueiredo.

No último biênio de mandato dos senadores eleitos em 1974, Antônio Mendes Canale, ex-prefeito de Campo Grande, foi eleito 1º secretário da Mesa do Senado e, consequentemente, do Congresso Nacional.

Aposentou-se da política após concluir o mandato que se iniciou em 1975 no Mato Grosso uno. Com a divisão, Canale optou por exercer os últimos quatro anos de seu mandato pelo Mato Grosso do Sul.

Antes do surgimento da dupla de senadoras que coloca Mato Grosso do Sul na berlinda política, outras lideranças brilharam em solo candango.

Em 2000, o senador Ramez Tebet (MDB) foi convocado pelos colegas senadores para apaziguar o cenário de guerra que se abateu sobre o Senado com a forçada renúncia do então presidente da Casa, senador Antônio Carlos Magalhães, o ACM, controvertida liderança política baiana.

No cargo, além de liderar a transição em clima de paz no Senado, Ramez Tebet entrou para a história ao comandar a solenidade de posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no primeiro mandato do líder do Partido dos Trabalhadores (PT).

O surgimento esporádicos de líderes locais com capacidade de furar a barreira que impede a ascensão de políticos de estados com pouca densidade eleitoral voltaria a ocorrer depois da cassação do mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Com a ascensão do então vice-presidente, Michel Temer (MDB), ao cargo de presidente, o deputado federal pelo MS, Carlos Marun (MDB), foi gradativamente ocupando espaços e, apesar de ganhar a ojeriza de uma considerável parcela de eleitores do Estado, tornou-se o homem mais importante da República, logo abaixo do próprio presidente.

A três-lagoense Simone Tebet tem o sangue de origem árabe correndo nas veias.

Seguiu a carreira do pai, Ramez, e muito se tornou deputada estadual, depois prefeita de Três Lagoas por dois mandato e vice-governadora no segundo mandato de André Puccinelli.

Em seguida, Simone Tebet elegeu-se ao Senado e, na Câmara Alta, foi estabelecendo marcos históricos, o que, por si só, garantiram a ela grande exposição midiática.

Simone se tornou a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Casa, liderou a bancada feminina, destacou-se na CPI da Covid-19 e se tornou, também, a primeira mulher a concorrer à Presidência do Senado, não sendo eleita devido traições de senadores do seu partido comandados pelo alagoano Renan Calheiros.

Soraya Thronicke foi a grande surpresa da eleição de 2018, quando ficou em segundo lugar logo atrás de Nelsinho Trad (PSD). Ao ocupar a segunda vaga no Senado, ela impôs derrota sofrível a nomes importantes do cenário político estadual, como o então senador e candidato à reeleição, Waldemir Moka (PMDB); ex-secretário de Infraestrutura do governo Azambuja, o engenheiro Marcelo Miglioli (PSD); ex-governador Zeca do PT, que era apontado como favorito, ex-senador Delcídio do Amaral (PTB) e o procurador de Justiça aposentado, Sérgio Harfouche (Podemos).

Soraya ainda não teve o peso de seu nome verificado por meio de pesquisas eleitorais, mas a senadora Simone Tebet, que ganhou a senadora Mara Gabrilli do PSDB de São Paulo, como candidata a vice-presidente, ainda é a aposta do empresariado brasileiro que aceita investir na candidatura desde que haja um crescimento considerável nas duas próximas semanas.

Simone saiu finalmente da casa do 1% e 2% e foi apontada em empate técnico com o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Se chegar a dois dígitos até o fim do mês seus apoiadores ganharão ânimo de investirão em seu nome. Do contrário, a candidatura será mantida, mas sem maiores expectativas.

A senadora Soraya foi lançada na disputa pelo presidente do União Brasil, Luciano Bivar, que era o candidato da legenda. Ele fez as contas e chegou à conclusão de que não iria a lugar algum e ficaria sem mandato.

Dessa forma, achou mais inteligente ir para a reeleição de deputado federal pelo Pernambuco e apoiar o nome de Soraya que não tem nada a perder, pois seu mandato de senadora vai até 2026.

Trocando em miúdos e sintetizando a conversa, apesar daqueles negativistas que sentem um prazer mórbido em ser contra todos que se destacam a partir de Mato Grosso do Sul, Simone e Soraya já são as grandes vencedoras desta eleição, ambas de primeiro mandato, conseguiram tamanho destaque e notoriedade que tornaram num mesmo anos os primeiros nomes genuinamente sul-mato-grossenses a terem o reconhecimento de nível nacional e ser homologadas como candidatas à Presidência da República.

 

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